A ovelha negra
Visitei a mãe de uma amiga, senhora já idosa, mulher forte, inteligente, lúcida, divertida, educada e muito simples, destaco ainda que ela tem 84 anos, escreveu um livro autobiográfico que li com me identifiquei com muitos trechos.
Aconteceu um imprevisto e tive que ficar em sua casa onde acabei fazendo companhia na tarde de hoje, ela com muita alegria me disse que estava feliz com a minha companhia por se sentir muito sozinha, todos os filhos tem suas vidas, ficamos compartilhando conversas, revelações,dores, risos e algumas lágrimas, ela é mãe de 4 filhos e uma delas é ovelha negra.
No momento que ela me contava algo da filha ela chega na casa da qual ela tem a chave e foi adentrando.
A senhora estava rede assistindo tv, eu no sofá lendo a revista semanal e por vezes nos intervalos nós papeávamos.
Acreditem que essa ovelha entrou na casa passou por mim e nem me cumprimentou, eu educadamente olhei e desejei uma boa tarde e recebi em troca um olhar por debaixo do óculos, até tudo bem, como já sabia que essa filha é esnobe eu tirei de letra continuei lendo revista e a visita não demorou mais que dois minutos e foi embora. Passando novamente por mim e me ignorando.
Não a conhecia pessoalmente, ela é uma mulher bonita, jovem, inteligente e frustrada (não fez bom casamento, não passou num concurso público federal como seus irmãos e resumo da ópera ela uma invejosa crônica.
Tem inveja da irmã (minha amiga) e portanto os amigos da minha amiga também são alvo do "tratamento vip" que ela gosta de oferecer, não é muito diferente de algumas pessoas que conheci nesse mundo de meu Deus, que confesso não deixo que me atinja sigo em frente.
Até aí beleza.
No ar ficou aquele ar pesado, a senhora dona da casa saiu da sua rede, sentou ao meu lado e me pediu desculpas por essa filha ovelha negra, chorou, dizendo -se envergonhada, abriu o coração, ficou nervosa, pedindo desculpas pela vergonha.
Respondi que não tinha problema nenhum que entendia,sou de casa, não se preocupe.
Só que o gesto mal educado da filha, que tem uma excelente formação mestre em uma área da saúde,professora de universidades privadas, consultora, só não é servidora pública e mesmo ainda tendo um currículo bom que pra mim não vale nada (o que adianta títulos sem conteúdo espiritual, sem amor, sem respeito) o fato dela sequer ter dado atenção a mim entristeceu a mãe que chorou dizendo que não entendia o que ela fez para essa filha ser assim, ela valoriza o ter e não o ser, fiquei numa situação complicada, conversei com a senhora, acalentei, mudei o assunto e ela me falou, queria muito que ela entendesse a carta de São Paulo aos coríntios que ela leu pra mim de forma brilhante num pequeno livro de cânticos de casamento que estava ali na sala. Achei lindo vê-la e ouvi-la lendo.
Por vezes enfatizava o trechos em que estão em caixa alta
segue:
"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; O AMOR NÃO É INVEJOSO; o amor não se vangloria, não se ensoberbece ...
o Livreto tinha essa carta em forma de canção.
Ela dizia: Ana eu queria apenas que ela tivesse amor, não fosse invejosa, se unisse com os irmãos, morreria feliz, o que adianta conquistar as coisas nesse mundo se não tem amor no coração nem pelo próprio filho, nem pelos irmãos, nem por mim, quando o pai dela morreu, ela não falava com ele e nem comigo, mesmo morando aqui ao meu lado na casa vizinha, depois de saber da morte do pai, deu show no velório, com encargo de consciência e era tarde demais para dá amor afinal, o pai estava em outro plano, ela sequer me enfrentou sozinha vei com uma amiga usando como escudo e só assim voltou a falar comigo e frequentar a nossa casa.
Fiquei pensando nisso ela poderia mudar enquanto é tempo, como disse essa senhora sábia:
Ela vai vai receber sua recompensa no tempo do Senhor.
E eu sinto que ela ainda vai precisar da minha amiga sua irmã e sei que ela irá ajuda-la.
Essa situação não é única eu sei, tem gente que passa a vida inteira atacando, julgando, falando, agindo mal e o tempo passa.
Pessoal aproveitando o gancho da crônica para falar que o tempo é tão curto para deixarmos ele passar com picuinhas, com brigas, soberba, com narcisismo, o bom da vida é pegar os momentos difíceis e transforma-los em lições e nos tornamos melhores, vi aquela mãe dizer:
Não sei o que fiz para merecer isso mas, quando eu morrer eu saberei, eu não acho que ela fez nada infelizmente numa leva de ovelhas brancas sempre tem uma negra.
Que Deus a abençoe e Santo Antônio também que ela é devota.
Termino aqui dizendo que foi uma alegria ter ficado com essa idosa, onde absorvi tantas coisas maravilhosas.
Se está mal com alguém repense, se achar que magoou alguém reconheça, deixe de orgulho, peça desculpas faça a sua parte.
Depois pode ser tarde demais
Bibliobeijos