NATAL
Lembro vagamente ainda, dos natais de minha infância, quando com ansiedade aguardava a chegada do bondoso velhinho de barbas brancas e roupas vermelhas.
Eu só não entendia porque vinha tão agasalhado, com o calor que fazia.
Ele sempre adivinhava a boneca que eu queria e que havia escolhido na vitrine da loja de brinquedos, quando lá passei com minha mãe.
Elas eram muito bonitas, com suas longas tranças presas com coloridos laços de fita.
Eu gostava era de tê-las, mas brincava sempre com minha macia e velha boneca de panos.
Lembro também do presépio arrumado num canto da sala.
Era tão simples, porém tão cheio de mensagens.
Ficava horas observando o rosado e rochonchudo menino, deitado num tosco cocho, forrado com palhas, ladeado da vaquinha malhada e da carinhosa mulinha.
Havia também pastores ajoelhados, três pomposos reis magos que permaneciam sempre em pé.
Espalhados ao redor ficavam as ovelinhas.
Ali olhando o presépio, eu podia sentir o cheiro de bolo e carne assada, que saia da cozinha.
À noite na hora da missa, lembro ainda a pressa que eu tinha para que acabasse logo e pudéssemos voltar, para então saborearmos as guloseimas, cujo aroma havia tentado-me o dia inteiro.