O grande barato de tomar água.
Descobri há bem pouco tempo como é gostoso tomar água. Pra quem foi viciado em Grapete (quem lembra?), 7UP (idem), Tubaína, Cerejinha (outra do tempo do onça), Fanta Laranja, Fant Uva, Guaraná, Soda, Coca (claro) e por aí vai, fazer essa constatação parece um tanto óbvia e até infantil. Mas não é. Explico: todos os refris resgatam lembranças, em geral boas, que são estimuladas a cada novo gole. Os caras, sabendo disso, botam na sua composição um montão de porcarias deliciosas, que levam nossos instintos à loucura e nos fazem querer beber mais e mais. Com água o efeito é outro: não dá aquele barato surrealista, porque desemboca direto na nossa alma mais pura. Aquela que ainda não se deixou seduzir pela varinha de condão desses marketeiros maquiavélicos que sabem exatamente o que a gente quer ver e sentir. Água dá um prazer sem culpa, sem boleto, sem efeito colateral. É gostoso e pronto. E custa quase nada. Deve ser por isso que Deus mandou cair água a granel quando decidiu acabar com aquela zona e começar tudo de novo. Certamente sabia que só o seu bem mais precioso podia dar conta do recado do jeito que queria.
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