Seria porque sou negro?
Outro dia, andando em meio ao transito parado, mais uma vez congestionado por motivos acidentais, vi uma senhora do outro lado da avenida, temerosa pela travessia naquela selvageria automotiva.
Comovi-me e quis ajuda-la. Desviei-me do trajeto rotineiro e saí relutando no labirinto entre carros e motos, a fim de alcançar o canteiro central em que ela estava ilhada.
A senhora, me olha com face assombrosa de olhos esbugalhados. Estava assustada. Sorri para ela, ainda longe. Dá um passo para trás e segura à bolsa fortemente com as duas mãos.
Fico confuso, afinal só quero fazê-la atravessar em segurança. Aproximo-me, estendo a mão e falo: - Senhora...
Ela me dá as costas e saí correndo em meio ao trânsito.
Seria porque sou negro?