Enfrentamentos

Vivemos de enfrentamentos. De quaisquer naturezas. E somos em geral pouco originais. Mesmo os poetas que somos, transitamos no vazio, no vago, no vagoestesyl... Embora eventualmente façam pouco da gente. Que não temos o que fazer. Que vivemos no mundo da lua. Mas nem tanto. O nosso mundo é exatamente igual ao daqueles que nos criticam ou observam. Celular, iPad, iPhone, 1TB hard drive, GPS, a família Peppa, TV de 50’. Porque somos urbanos.

Quando muito fazemos nossos poemas olhando pros passarinhos. Mas não levamos uma gaiola pro trabalho pra assentarmos tijolo enquanto escutamos o canto do passarinho. Afinal, pra nós o passarinho deve estar fora da gaiola.

E enfrentamos todos os que querem subir no palco na nossa frente. Tirar uma foto ao lado do poeta renomado. Ser entrevistado pelo âncora na TV ou por qualquer cinegrafista de um canal da TV fechada que ninguém conhece.

E no fim, o maior enfrentamento se dá com cada um de nós mesmos. Quando nos damos conta de que não temos tempo de achar que estamos cansados de trilhar esse caminho. Ainda que não duvidemos disso. Não obstante, juramos que tal caminho nos parece o único. O que corresponderia à apreciável parcela de integridade e coerência de que ainda dispomos. Somos o máximo.

Embora tenhamos certeza de que poesia, literatura e saliência também acontecem com frequência no sertão...

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 09/12/2014
Código do texto: T5063301
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