Foto: Feitosa dos Santos

Última centelha
 
Porquanto o sol nasce para todos, o tempo também não exclui ninguém, seja rico ou pobre, homem ou mulher, novo ou velho, que professe um credo ou não. Ele é implacável e certo, doa a quem doer. É bem verdade, que todos os seres viventes receberão sua marca no decorrer da vida.
Os seres humanos resolveram marcar o tempo em segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e anos. A cada primeiro de janeiro, acendemos a centelha dessa contagem anual. O ano de 2014, não foi diferente e essa contagem foi tão rápida, que quase não percebemos.
Cá estamos, nos últimos dias do último mês do ano de 2014. Quantas realizações foram efetivamente concluídas? Creio que no balanço total houve mais feitos do que inconclusos e mais alegrias do que decepções.
Sabemos pois, do ponto de vista individual, houve aqueles que tiveram êxitos e aqueles que foram menos favorecidos, mas o ciclo da vida é assim mesmo e assim deve continuar.
Os sonhos individuais são como rascunhos de projetos, estão sempre à disposição, para serem passados a limpo e executados.
Foram muitos os que sonharam com um trabalho e conseguiram um bom emprego, queriam uma família e procriaram seus filhos, queriam um lugar para descansar e conseguiram uma residência, mas também muitos foram os que queriam mudanças em suas vidas e viram o ano esvair-se sem que nada fosse realizado.
Há uma razão para isso. A mudança só ocorre quando não se espera que esta seja provocada pelo outro, mas em si e por si mesmo. Faço lembrar a oração de São Francisco de Assis, é dando que se recebe é perdoando que se é perdoado.
Faço lembrar que a mudança global, só pode ocorrer mediante a mudança individual, dos componentes de uma família, de um grupo, de uma cidade, de um estado ou de um país.
O fato é que o egoísmo, a ânsia de poder e o individualismo reinante no mundo, não permite que a partilha seja o ponto chave de um caminhar mais seguro e digno para toda a humanidade.
Quem muito tem, muito mais vai querer, quem muito faz com honestidade, pouco vai ter, quem se cansa, não avança e cedo morre, deixando os louros e os frutos do seu trabalho para os sanguessugas existentes nesse reino denominado humanos.
O vampirismo existe em todos os grupos: na família, entre pais e filhos, entre casais, na roda de amigos, no trabalho, nos grupos religiosos, nos grupos políticos, nas empresas, na sociedade em geral e no mundo todo.
Logo, não se muda o mundo sem que antes ocorra mudanças no comportamento da pessoa humana como indivíduo.
Ainda há tempo para iniciar mudanças em sua vida. Aproveite os últimos dias deste ano, antes que a frágil centelha, ainda viva, se apague. Não queira sentir o incômodo peso das velhas tralhas, ao acender da nova chama. E para que esta, não se transforme na velha centelha prestes a apagar.
 
Dezembro de 2014
Feitosa dos Santos