Questão de escolha.

Noite de sexta. Amigos reunidos no bar. Não haviamos chegado na terceira cerveja, mas o assunto não poderia ser mais típico: Amor.

Eu era jovem mas não idealista: -Amor é para os fracos. Tou muito bem sem ele. Lá no meu quarto o único amor permitido é amor-próprio, e tenho dito.

Dois dos amigos que me acompanhavam na discussão, Diego, já casado e Gabriel, noivo, me expunham o ponto de homens que viviam o amor: -Amor é uma questão de escolha. Chega um momento em que a paixão acaba, e nesse momento você escolhe se vai amar ou não a pessoa que está ao seu lado. - Disse Gabriel.

-Exatamente. - Concordou Diego.

Achei a opinião deles quase anti-romântica. Como assim o amor é questão de escolha? E toda aquela coisa de destino? - Não, isso é baboseira.

Não, decidi que simplesmente continuaria com minhas convicções. Isso devia ser a maneira masculina de vivenciar esse sentimento. Para mim o amor era algo mágico, não dava pra explicar com algo tão humano quanto escolha.

Um ano se passou desde esta conversa. Nesse tempo, o rapaz que era apenas uma diversão se tornou meu namorado, conselheiro e melhor amigo. Gabriel se casou e o Diego, bom, o Diego escolheu trair a sua esposa.

Mas essa não é a parte importante.

Em uma madrugada qualquer, depois de um mês de brigas intensas com meu namorado, e a surpresa da pergunta: "Você ainda quer estar em um relacionamento comigo?", me deparo no tal momento que o Gabriel e o Diego me falaram. Sim, era o momento da escolha, a paixão já não consegue sustentar o relacionamento, a companhia dele é ótima, o abraço não há igual, no sexo, a ultima transa só não foi melhor do que a próxima que teremos, mas algo mudou. -Eu quero continuar amando ele?, é a pergunta que minha consciência me faz.

Livre arbítrio? Não estou suficientemente embriagada pra discutir se isso existe ou se minha escolha estava determinada. Mas a resposta foi um sonoro -Sim!, que fui obrigada a dizer em alto e bom som, para que qualquer parte de mim que ainda duvidasse disso pudesse ouvir.

Sim, eu ainda quero cuidar dele e fazê-lo feliz!

Sim, eu ainda quero acordar ao lado deles nos finais de semana!

Sim, eu ainda quero conservar os planos dos meus filhos que só existirão se forem dele também!

E de repente, tudo isso parece mais bonito, porque já não depende do acaso.