um pratinho de novidades...
Chegou com um pratinho de novidades... Trazias consigo muitas encantadoras palavras cravadas no peito... Cegaste docemente cada instinto perverso que teimava habitar em meu peito. Viraste ao avesso meus preceitos, conceitos e preconceitos. Eu odiava os dias mal iluminados, os sonhos e palavras alheiras. Também não tinha muita adoração pela reflexão um pouco mais recôndita, nem pelo silêncio restaurador. Tinha abominação pelo que se parecia com flor, pelo piar dos pássaros. O ódio me cegava...
Ah, tuas palavras! Tuas doces palavras! Chegaram contigo do mar. Carregavas uma rede em uma das mãos, um martelo na outra e o coração no olhar. Inverteste o rumo do rio, o cume dos montes, os verbos nas frases... E, nesta aparente desordem, acalmavas os desalentos, os ventos. Vertias o doce das rochas, abrandavas os espinhos das rosas. E, antes que o desespero afundasse meu barco, pegava-me pela mão e dizias: "Segue-me, meu rumo não será tenro, mas será ao fim, se houver, uma deliciosa experiência no paraíso." Assim me alertavas com um singelo olhar para o infinito... O que era horrível, doravante, tornou-se estranhamente tão belo.