E o vento trouxe
E o vento levou...
Levou a esperança, as folhas de papel caídas no chão, levou o pó do café na mesa da cozinha. Levou... Levou a tentativa do recomeço, as palavras que ficaram entaladas, as gotas de orvalho sob as folhas das plantas na primavera. Foi-se. Para algum lugar que eu não sei. Desconfio que esteja tudo escondido em alguma região inatingível.
O vento levou...
Levou as chances que foram dadas, as expectativas criadas, o perfume de um alguém qualquer. Ele levou, sem sequer pedir permissão. Impetuoso como em um dia de tempestade, levou até pedaços de rochas que fechavam o caminho.
O vento levou... Mas, o mesmo vento trouxe de volta.
Rochas, perfume, expectativas, chances, gotas de orvalho, palavras, recomeço, pó do café, papel, e esperança.
Eis que veio a esperança!
E o vento trouxe...
Trouxe o recomeço, o amor, a força. Trouxe o perfume das flores, o sorriso sem jeito, as palavras apaixonadas. Ele trouxe, sem sequer pedir permissão. Leve como uma brisa suave, inundou meu coração.
O vento trouxe...
Trouxe a luz, a alegria e o beija-flor no jardim. O brilho da lua, o arco-íris, os abraços inesperados e as rosquinhas com chá antes de dormir. Eis que tudo renovado foi. Tem coisa nova, tem vida nova, tem amor real, sorriso sincero, paz de espírito. O vento trouxe.