SOMOS OU NÃO SOMOS DIABÓLICOS?
 

Ando tão vazia de pensamentos, que me pus a cascavilhar o pensamento dos outros.

E vamos atacar de Humberto Eco, dissecando e questionando Pirandello, que do alto de sua sabedoria, tratou nos seus estudos, lições e ensaios sobre o tema “Humorismo”, ficando registrado que o único animal que sabe rir é justamente àquele que, devido a sua irracionalidade e ao seu desejo frustrado de racionalizá-la, não tem razão nenhuma para rir. Ou melhor, que ri justamente e somente por razões muito tristes.

Já Baudelaire, define o riso como profundamente humano, portanto é diabólico, e explica: os anjos não riem; o diabo sim. Tem tempo a perder, toda uma eternidade para cultivar o próprio mal-estar, numa associação do cômico à sensação de mal-estar.

Pensando bem, Baudelaire tem lá suas razões. Vejamos numa seqüência de fatos, que o riso nasce geralmente de alguma coisa errada que não nos diz respeito, e quando somos capazes de rir da desgraça de um semelhante nos tornamos diabólicos.

Quem de nós pode conter o riso diante de um semelhante empertigado a escorregar e ir ao chão?
Quem de nós não ri de uma piada de marido traído?
Quem de nós não ri de uma caracterização cômica expondo o desvio sexual de um nosso semelhante?
Quem de nós não ri da miséria explorada de forma humorística?
Quem de nós não ri das piadas irreverentes sobre os nossos homens públicos?
O bêbado nos faz ri, a velhice camuflada provoca o riso, os loucos idem..

E ,sobre tudo o que foi dito, chega-se a seguinte conclusão: “pode-se até sorrir, mas as razões pelas quais se sorri são as mesmas pelas quais se  chora."
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 25/10/2014
Reeditado em 25/10/2014
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