QUINQUILHARIAS
QUINQUILHARIAS
“Faça um faxinão e, livre-se das quinquilharias, dos trambolhos, das tranqueiras, das bugigangas e todas as coisas dispensáveis que estão ocupando espaços preciosos. DESAPEGA! (Kabral Araujo).
Quinquilharias, na verdade foi a forma que encontramos para falar sobre a importância do desapego. Temos o hábito de juntar bugigangas, ficar com os armários cheios de objetos, roupas e tantos outros objetos que não nos servem mais...
A mesma coisa fazemos com a nossa mente. Guardamos pensamentos, ideias que podem ser prejudiciais à nossa saúde mental. Precisamos abrir mão de coisas, pessoas e pensamentos para deixar a nossa vida mais leve para o bem do nosso equilíbrio emocional.
Dr. Enio Burgos, autor do livro Medicina Interior – A medicina do coração e da mente” diz” que precisamos transformar as emoções perturbadoras básicas (apego, raiva, indiferença, orgulho e inveja) em sabedoria e plenitude de vida”.
Não é nada fácil a prática do desapego, mas é importante tentar reverter esse quadro e o especialista cita alternativas como a meditação e o autoconhecimento.
Usamos com frequência os verbos possuir, ter, apegar como se fossemos o dono de tudo e de todos. “““Este é o meu carro”, ele é o meu marido”, “ sou muito rebelde”...
Vamos nos permitir vivenciar nossos sentimentos e ideias, aceitando como eles se expressam em nós, mas vamos regulá-los, evitar que eles nos dominem.
Precisamos aprender a filtrar nossos sentimentos, ter a capacidade de controlar a nossa mente, o nosso corpo e somente deixar vir à tona o que considerarmos indispensáveis. O resto joga fora!
Podemos dizer de um modo geral que as pessoas desapegadas são tranquilas, vivem em harmonia, sem ansiedade, sem fobias, depressão, ou seja, sem medo de perderem algo ou alguém.
Após muito ler e pensar sobre o desapego encontramos este poema que traduz tudo o que gostaríamos de saber dizer, mas quem somos nós para competir com este mestre da literatura!
PARATICANDO O DESAPEGO (Fernando Pessoa)
Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário...
Perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos.
Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos que já se acabaram.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas possam ir embora.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: Diga a sí mesmo que o que passou jamais voltará.
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo...
- Nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Encerrando ciclos, não por causa do orgulho, por incapacidade ou por soberba...
Mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais em sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Quando um dia você decidir a pôr um ponto final naquilo que já não te acrescenta.
Que você esteja bem certo disso, para que possa ir em frente, ir embora de vez.
Desapegar-se, é renovar votos de esperança de sí mesmo,
É dar-se uma nova oportunidade de construir uma nova história melhor.
Liberte-se de tudo aquilo que não tem te feito bem, daquilo que já não tem nenhum valor, e siga, siga novos rumos, desvende novos mundos.
A vida não espera.
O tempo não perdoa.
E a esperança, é sempre a última a lhe deixar.
Então, recomeçe, desapegue-se!
Ser livre, não tem preço!
Em 28 de setembro de 2014
GSpínola