PEDROS SEM PAULOS

Hoje como de rotina fui ao dentista para revisar meus dentes. A rotina passará a ser trimestralmente, tive perda óssea e dois estão com parte da raiz exposta. Penso que tenha sido resultado de alguma interação com a químio e radioterapia. Na volta dei uma esticada nas pernas, minha pretensão era ir de lotação até próximo de casa, então cheguei junto a praça Piratini, aquela que ao norte está o colégio Julio de Castilhos, ao sul o primeiro centro comercial de Porto Alegre e ao oeste o o monumento de Bento Gonçalves. Ela, a praça estava repleta de adolescentes, todos muito agitados, brincavam aos empurrões e agarra-agarra, resolvi contornar a praça, já na ponta avistei o Pedro, sem o Paulo, talvez ele estive presente, mas de folga, na pessoa do interlocutor que trocava histórias com Pedro, histórias animadas que rendiam sorrisos e alienação total do mundo externo.

Um pouco adiante, bem diferente de Pedro estava uma Ana, uma Maria, uma Joana D'Arc, sei lá, alguma divindade que modernizasse o conjunto Pedro e Paulo. provavelmente entre 22 e 26 anos, mantinha-se expectante e operante, um pouco acanhada atravessou a rua num ato singelo de patrulhar, de prevenir, mas não tardou e um quarentão - assim como seu parceiro de atividade, abordo-a e puxou um papo que não rendeu mais do que 30 segundos e lá foi ela, olhando para lá, olhando para cá.

Pronto lá vinha a lotação, já era, o motorista num golpe de braço desviou da traseira do ônibus e deixou-me na parada, resolvi voltar até a avenida João Pessoa, próximos ao centro comercial pegar um táxi no ponto. De passagem lá estava o Pedro com um smartphone na mão e dele papo, costas para o mundo e Joana D'Arc em patrulhamento.

ItamarCastro
Enviado por ItamarCastro em 13/10/2014
Reeditado em 04/08/2015
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