PELO AMOR...
O amor que sai de mim é reto, não faz rodeios e nem finge que foi inventado na Disneylândia.
Amor de tatuagem – passa tempo e se duvida daquilo que é eterno.
Amor de candura – faz da noite o seu dia da bebida o seu provento da inocência o seu remédio.
Tolo é quem me acusa, trouxa é quem cala a boca; todo mundo tem um tanto de amor raso, de amor reto, de amor inconstante.
Amor é um troço inconseqüente. Pingos nos is não são traços. Nem todo braço que estica é abraço. Se qualquer amor fosse festa, ninguém daria conta da ressaca.
Aí me refiro ao amor presente. Aquele amor contundente, que se começa a rimar fica brega, que se não rima pede trégua.
Repara na sonoridade: nem toda rima é fiel. Mas toda combinação é leal.
Aí me refiro ao amor verdade. Amor que combina com tudo. Entende a diferença que faz?
Não lhe dou flor, mas afeto. Amor feito flor não é reto! Nada de fadas, nem Cinderela, nem homem feito pra ela, nem ela feita pra um homem, nada de estrelas cadentes! Nada além de sorrir quando for sorridente – um afago, talvez. Nada além de sentir quando der nos dentes – talvez algum arrepio. Um beijo com voz de ardência, uma mão, outra mão, agora as minhas...
Trago um par de saudades a cada vez que o amor renuncia.
Guardo uma dúzia de pesadelos quando o amor faz cara de eterno.
Passo um ano afogado e renasço do gelo se o amor é jurado.
E tudo isso eu pratico com todo amor que há nesse mundo!
Como se o amor não fosse amor todo dia.
Como se o amor não desse num passo, num gesto, num fato.
O amor que encontro é sempre um complemento daquilo que não estava no amor que passou.