O QUINTAL DE MINHA CASA
Crônica de Valdez Juval


Nos fundos lá de casa tinha um pequeno quintal agregado, com uma cerca de arame farpado.
De fruteiras, apenas uma cajazeira, bem frondosa, que sombreava quase toda a área.
Frutificava muito na época própria.
O terreno era íngreme e lá no fim, parecendo um ferro de engomar, oferecia o melhor espaço para se permanecer em espaço aberto e protegido do sol graças a um caramanchão.
As minhas irmãs brincavam com bonecas e com bandas de tijolo separavam os espaços no chão de areia solta como se fossem divisórias de uma casa.
Estávamos em época de férias escolares e uma prima que morava na capital, fora passar aquele São João conosco.
Participava da brincadeira com as minhas irmãs. Ela era a de mais idade e, em consequência, a mandona de tudo.
Menina bonita, descendente direta de italianos, já bem desenvolvida, com seios bem delineados e saltando de uma blusa singela de tecido fino e transparente.
Seus olhos azuis reluziam.
Seus lábios carnudos, tentadores, davam a forma da boca atraente e sensual.
Eu não entendia muito dessas coisas de pecado mas o meu corpo já tremia quando se deparava com algo que esquentava o sangue e a cabeça começava a perder o juízo como se alguma coisa de estranho estivesse por acontecer.
Era uma época perigosa, ouvia dizer, principalmente na fase que frequentava aulas de catecismo, preparatórias para a primeira comunhão.
E ela me beijou.
Quanto infeliz ainda sou por não ter correspondido aquele beijo!

 
valdezjuval
Enviado por valdezjuval em 19/09/2014
Reeditado em 20/10/2018
Código do texto: T4968457
Classificação de conteúdo: seguro