Antes que toque o sino - crônicas para se evitar numa escola
Uma mesa , algumas cadeiras, o armário de lata são minhas companhias. O barulho lá fora é intenso, mas por um momento o silêncio reina dentro de mim e o único som que percebo é o quase imperceptível TIC TAC de um velho relógio de parede. Olho mais uma vez para xícara de café... Xícara....Sorrio! Não um riso ingênuo de quem acha graça nas coisas simples do cotidiano, mas um sorriso vazio, sem graça. Dou um gole no copo de plástico, apenas para constatar que o café já está frio.
Eu poderia fugir daqui, pegar minhas coisas e partir sem dar satisfação a ninguém.Tolice! Só traria mais problemas. Folheio um livro mas letras e imagens parecem não fazer sentido algum. Já faz um tempo que elas não fazem sentido.
Novamente vem a cabeça a vontade de sair disso, não por um dia ou dois, tenho que ter um plano; uma rota de fuga. Se eu abrisse mão de uma série de bens inúteis, se os desejos de consumo ficassem para trás... Daria sim. Desde que optasse por uma vida simples. Mas isso não seria desisitir? Depois de tanto tempo de dedicação, utopias tão possíveis a pouquíssimo tempo atrás. Perdido entre pensamentos dispersos sou tomado por um súbito susto com a sirene que anuncia o término e o início de mais uma aula. Chegou a minha hora! Já com apagador e giz em mãos desejo a todos:
- Boa noite.
Nenhuma resposta. Apenas gritos, gargalhadas e borburinhos.