Contra ponto da Crônica do Ponto Final com Redundâncias

Outro dia, lendo a excelente “Crônica do Ponto Final”, do nobre autor Neverland, me senti compelido a aproveitar a deixa (escada no linguajar teatral) e comentar também alguma coisa deste interessante tópico, usando e abusando um pouco das redundâncias. Veja bem, sem logicamente desmerecer o texto original que achei ótimo, afinal me inspirou a redigir o meu próprio texto. Vamos a ele:

Talvez o ponto final não seja mesmo o seu ponto ideal. Afinal, sob o ponto de vista do ponto, ele pode representar o início de um novo período, dando oportunidade a um novo ponto final à frente. O problema se apresenta no final do parágrafo onde o ponto ficaria realmente no final, caso o escritor não tenha mais outro ponto de vista. Melhor seria então, ter neste ponto, o ponto de exclamação!

Ainda sob o ponto de vista gramatical, a situação do ponto me parece deveras humilhante, até na música Every Teardrop Is a Waterfall foi desdenhado pelo Coldplay: “prefiro ser uma vírgula do que um ponto final”. Ai já é demais.

Além de ficar sempre isolado no final, perde para os outros sinais de pontuação; até pelas reticências cujos pontos estão sempre juntos, afinal a união faz a força e pelos pontos de interrogação e exclamação, que ao menos tem o consolo de ter seus parentes espanhóis os quais, apesar de ficar no final, tem seu irmão gêmeo no início do período, mesmo que de ponta cabeça. Uma vantagem no caso é o afastamento evitar brigas comuns nestes casos.

Já no caso de dois pontos, dizem as más línguas que na vertical fazendo sexo, resultou o terceiro ponto dando origem à reticência, evidentemente depois do ato, foram vistos na horizontal no final por estarem envergonhados pelo ato. Mas isto é intriga da oposição, uma vírgula que é verdade.

Se considerarmos sob o ponto de vista das grandezas proporcionais, simples regra de três, para um determinado parágrafo, o tamanho dos períodos e a quantidade dos mesmos, poderíamos constatar que o grau de afastamento dos pontos finais seria diretamente proporcional ao comprimento dos períodos e inversamente à quantidade de pontos; guardadas as dividas exceções. Manjou? Nem eu! Mesmo assim, daí conclui-se que as modernas regras ortográficas, aquelas que aconselham evitar frases longas em favor das curtas, estão corretamente protegendo os pontos, evitando seu isolamento.

Isto não acontece com aqueles autores, que nem este aqui, que produzem textos longos, prolixos e até desconexos. Estes, sim, estão prejudicando seriamente os pontos finais, distanciando-os inadequadamente. Injetando vírgulas, dois pontos e outros sinais a torto e a direita, complicando cada vez mais, a ponto de não se saber nem do ponto inicial do período.

A respeito, melhor arranjar algum deputado especialista em direitos individuais, talvez um Feliciano feliz da vida, que proponha alguma lei dos direitos dos pontos finais, baseando-se talvez na Lei da Maria que dá pena ou de Abandono de Incapaz incapacitado, evitando-se destarte, o desnecessário sofrimento imposto aos pontos finais, destinados a ficar isolados. Que o diga o End Points Rights Watch, vamos agir rápido e evitar a intromissão internacional da mesma, metendo o bedelho por aqui. A Dona Dilma vai espernear, ela nunca está para brincadeiras. De qualquer forma, quanto aos meus textos longos, não faça o que eu faço, seja conciso!

Enfim, vamos ao ponto final, os finalmentes com perdão do Mussum, dizendo que, após este esforço dantesco, haja pontos (já contou!) e que tais, tudo isto talvez mereça do leitor, por piedade e caridade, uma pontuação de pelo menos cinco pontos e ponto final sem ponto, naturalmente!

Nota: sobre o excessivo uso da redundância no texto, veja a crônica “Redundância redundante” para maiores esclarecimentos.