Bolsa na pressão
Anos oitenta! A moda hippie já se tinha ido, mas bolsas de couro continuam em alta! Sabe, aquelas de pendurar de lado, com alças compridas, super estilosas? Pois é, meu sonho era ter uma dessas.
Estava papeando com um amigo, mesma idade minha, 18 aninhos, dizendo da minha vontade de ter uma bolsa dessas. Mas naquela época, em que tudo era difícil, comprar a bolsa não estava nos meus planos. E ele, na maior tranquilidade, me diz que tinha uma bolsa, do jeito que eu tinha descrito, só um pouco suja pelo uso. Se eu queria? De graça? É claro, meu!!!!!
No outro dia, lá estava ela em minhas mãos! Fiquei empolgado com o presente! Nem liguei pra sujeira visível nela. Fui direto pra casa. Ideias mil pra fazer a limpeza e começar a desfilar com ela por aí.
Água sanitária? Acho que não! Desbotaria com certeza! Era de couro, afinal, não era branca. Sabão em pó? Pela propaganda, acho também que não daria certo, “O branco mais branco”. Nada disso, não daria certo!
Ah! Já sei! Vi minha mãe, muitas vezes, ferver os panos de prato no panelão pra tirar o sujo bravo. Agora, já pensou? Se eu ferver e, ainda por cima, na panela de pressão, a bolsa iria ficar tinindo!!!!!!!!
Peguei a panela de pressão maior da minha mãe, lógico que bem longe dela, enfiei a bolsa lá dentro, com muito custo, pois era grande e grossa enchi com água e sabão e fechei.
Não demorou muito para eu perceber que aquilo não daria certo. A panela começou a chiar estranho, espuma saiu em abundância pela válvula descontrolada e eu gelei!!
Peguei a panela, pus sob a água da torneira da pia pra esfriar e abri.
Aquele objeto disforme que se encontrava em seu interior não se parecia nem de longe com a bolsa dos meus desejos. Tive que fazer um esforço sobre-humano para tirá-la de dentro, o mais rápido possível para que minha mãe não percebesse mais essa aventura minha.
Corri para o quintal. Sentei-me no chão e, só não chorei com aquela coisa nas mãos, porque a macheza não deixou. Fica a dica!!