COMADRE FARTURENTA

Custódia era uma mulher religiosa, boa, acolhedora e muito agradável. Sua casa era farta, com os produtos que trazia de sua fazenda.

Bananas, seu esposo trazia uma camionete cheia, toda semana e, ninguém, que fosse visitá-la, saía sem levar, pelo menos, um cacho delas.

Além de mandioca, verdura, inhame, feijão, farinha, ovos, galinha, etc, ela também dava pedaços de carne crua, dos animais que eles abatiam.

Um dia, a fazendeira recebeu a visita do seu compadre, um vizinho muito pobre, lá de sua propriedade.

A mulher fez de tudo para prosear com o homem, para deixa-lo á vontade, mas, muito tímido e humilde, ele mal balançava a cabeça.

Na hora do almoço, a mesa de dezesseis lugares ficou lotada, pois, sua família era enorme.

Com toda a sua simplicidade, o compadre foi o último a se sentar e ficou cabisbaixo, esperando ser servido.

Custódia, como sempre, caprichou no prato dele. Com muito custo, ele deu fim àquela comidaria toda.

Vendo o seu prato vazio, a mulher se levantou e disse:

-Não é possível! Não acredito!! Já parou, compadre?!

-Hunrum!

-Não! Você tem que comer mais! Vamos! Vou colocar mais um pouco!

-Obrigadim! Não carece, comadre!

-Carece, sim! Acho que você não gostou da minha comida!

-Gostei! É que eu tô sastifeito!

A farturenta falava e enchia o prato do matuto.

Com o semblante desanimado, triste, o homem comeu tudo, devagarinho.

-Uai! Parou de novo?! Nada disso! Ah, não! Vou colocar mais!

Empanturrado e sem saber o que fazer, o roceiro debruçou sobre a mesa e pôs-se a chorar.

Anna Célia dias Curtinhas