Agora é tarde

Uma mulher divertida, conversa leve e risadas fartas que por ora andam silenciosas ela não consegue fingir, mas pode esconder por alguns momentos a tristeza que está dentro dela.

Alma boa, sentimentos puros, carinhosa, protetora da família, mas, ainda não fora descoberta por um homem queira cuidar e queira ser cuidado. A essência do ser fica invisível para alguns e o que aparece são apenas sua ações do cotidiano, o seu sorriso de satisfação quando consegue ajudar a alguém, o seu profissionalismo, o som doce da sua voz, outros veem apenas atributos físicos, pernas grossas e o bumbum redondamente médio/grande, outras destacam e elogiam sua inteligência e criatividade.

Ela não é tão acessível apesar da sua habilidade na comunicação oral, muito caseira e por conta de uma decepção demora a deixar alguém entrar no seu universo, quando deixa alguém se aproximar testando a confiança, nem sempre sabem aproveitar salvo algumas exceções familiares, alunos, poucos amigos, colegas do trabalho, todos elogiam sua alegria mais nos últimos seis meses percebem a sua tristeza e a sua dor que definitivamente é nítida.

De casa para o trabalho e do trabalho para casa, calma, tranquila, fechada, preocupada e muito triste. Os amigos insistem ela leva-la para sair e ela sempre tem uma desculpa esfarrapada e foge dos passeios, mas, na última sexta-feira não conseguiu dizer não e foi a um bar comemorar o aniversário de uma amiga. Mesmo sem contato telefônico os amigos foram busca-la em casa.

Apesar da demora ao se arrumar e das muitas trocas de roupas, ela está se achando gorda, a estima anda em baixa e depois de muitas provas, acabou repetindo a roupa que usou na última palestra onde representou a empresa em um evento e chamou atenção por sua beleza exótica, pouca maquiagem, um perfume doce e uma respiração seguido de um:

Vamos lá o mundo é seu!

Pelo menos hoje!

A mesma beleza despertou a atenção de alguns homens que a observara enquanto ela caminhava até a mesa escolhida pelo grupo, com um discreto rebolado por conta do salto que estava usando, ela realmente está linda e plena, os holofotes não acenderam, mas, sua luz iluminou as pessoas que estavam sentadas no bar, todos olharam para sua pele morena, seus cachos definidos e seu sorriso que disfarça o sofrimento que tenta esquecer pelo menos por uma noite.

O boa noite dela ao cumprimentar que já estava a mesa, mereceu um grifo e sublinhado para destacar por um dos presentes.

Casa lotada, músicas, uma bebida para relaxar e muita conversa.

Observando ela assim: parece calma, feliz e linda! Guerreira! Feminina! Mulher! E ela chupa o canudinho no copo com a caipirinha forte, sorrir e encanta um dos convidados que está a mesa, um deles decide sentar-se ao lado dela e começa a puxar um papo.

Além de falar com o grupo ele direciona algumas perguntas a ela, depois daquelas perguntas triviais que parecem saídas de um bate papo (tem homens que não te criatividade Idade? Estado civil? Parece que estamos respondendo a um robô programado kkkkk) e finaliza dizendo:

Você me encantou.

Ela responde com um sorriso e dizendo:

Obrigado!

Seu namorado não veio porque?

Ela responde dizendo:

Quem disse que ele não veio? Ele está aqui!

O cara desconfiado diz:

Aqui no Bar? Onde? É sério?

Ela: sim!

Então cadê ele? Mostre-me.

Ela diz: Aqui ó, aponta para o seu coração.

Ele diz: Tá brincando.

Ela sugando o canudinho. Séria fala sim aqui mesmo, ele está aqui dentro mim no meu coração.

Ele deu uma risada e perguntando e quem cuida desse monumento todo na sua ausência.

Ela responde: não preciso de cuidados sou grandinha e bem grandinha.

Ele fala no ouvido dela hoje quero cuidar de você com carinho depois que sairmos daqui, te levo em casa, nos conhecemos melhor e ele não precisa saber.

O olhar dela para ele acaba se modificando, sua sobrancelha ficou mais arqueada, ela em silêncio, pensou:

Que otário, perdeu a oportunidade de ficar calado,por dentro ela ainda indagou,ele acha que sou objeto? Que eu sou mulher de uma noite só?

Que babaca! Ela firme o ignora.

Ele ataca ainda não desistiu,acompanha a canção e dedica a ela em tom de brincadeira.

Pede o número de um celular que ela não tem e diz ainda que ela é mentirosa e amiga conclui: Ela não tem mesmo por isso fomos busca-la em casa pois, não tínhamos como combinar o local sem nos comunicarmos.

Ele que está sentado do lado dela, se aproxima, fala do seu cheiro doce, depois pega na sua mão e beija.

Ela puxa a mão lentamente para os outros não perceberem nada e pede o garçom mais uma caipirinha.

Ele não faz o tipo dela, exageradamente atirado, coisa de Mineirinho come quieto (o cara é de Minas uai) mais o seu coração fiel não permite ir mais além, apenas para satisfazer a vontade da carne, relaxar por uma noite, com um homem que não sequer soube conquista-la com uma conversa, isso podemos dizer que o sentimento de fidelidade não precisa existir apenas na presença de alguém e sim o tempo inteiro, principalmente quando o outro não estiver isso é respeito.

Ela firme fica sentada na mesa fingindo que não entendeu o papo furado jogado por ele.

O jantar servido, comida deliciosa,bebidas, amigos, música boa e ao vivo. Tudo dentro da normalidade.

Uma canção traz lembranças de um passado e do nada a mulher deixa uma lágrima cair, os amigos ficam sem entender, ela disfarça e vai ao banheiro e olhando no espelho, corrige o olho borrado, a amiga vai atrás e pergunta o que está acontecendo.

Ela pensa como a saudade dói.

Ela diz a amiga solidária que foi um cisco, ali na mesa ninguém sabe a sua dor, demora um pouco e volta a sentar, acompanha a letra de uma música "Mas eu, eu, eu Prefiro estar aqui te perturbando

Domingo de manhã É que eu prefiro ouvir Sua voz de sono

Domingo de manhã ... Domingo de manhã (Marcos e Bellutti) "

E puxa um brinde, cantamos juntos e sorrimos felizes. mesmo que por um momento.

Chega a hora de ir embora, o tal carinha pergunta:

Posso te deixar em casa?

Ela diz que não vai agora, ele fica ali cercando e no final se cansa e vai embora. A mulher percebe o que já sabia, ele queria uma mulher para um momento. E definitivamente aquela mulher não é momento e sim de muitos momentos, da voz de sono do dia seguinte, do torpedo de bom dia, da poesia dedicada, de fazer amor com entrega e assim com ela, tem muitas que preferem ficar só que viver de momentos efêmeros.

O carinha muda a rota, fim de noite para ele, se retira e vai embora achando que por ter dinheiro, carro e lábia teria o amor dela por uma noite se enganou, na saída ao despedir-se disse no ouvido dela:

eu ainda não desisti.

Ela sorri discretamente e diz:

Sem chances, eu gosto de homem que sabe cuidar de uma mulher.

Ele insiste e diz:

Eu ainda vou fazer mudar de ideia.

Ela: será?

O som toca mais uma canção e ela curte o resto da noite.

Sozinha entre amigos e com o amor distante no coração.

Vai pra casa onde dorme segura.

Na segunda-feira, ela inesperadamente recebe flores com um cartão dizendo:

As flores que você recebe agora, é um pedido de desculpas acho que realmente deixei que o desejo a possibilidade de te conhecer. Me dá um segunda chance para que eu possa te mostrar que não te quero por um momento? Assina: O mineiro e põe o contato pessoal.

Ela olha e diz:

Agora é tarde a primeira impressão é a que fica.

Ana Aníssima
Enviado por Ana Aníssima em 26/08/2014
Reeditado em 26/08/2014
Código do texto: T4937391
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