A COMPANHEIRA

São quatro horas da manhã, o silêncio é ensurdecedor.

Estou aqui sentada, olhando a fumaça do cigarro-triste vício, que sobe indolente para o teto branco.

O tic-tac do relógio parece avolumar-se na quietude desta madruga.

De quando em quando ouço ao longe um galo cantar, o apito de um guarda noturno, o ladrar de um cão.

Não estou só.

Há pouco chegou tropeçando no silêncio, a dona solidão com os olhos embotados de cansaço.

Trouxe consigo espectros de desencantos com suas bocas escancaradas num mudo grito de mágoa latente.

A solidão olhou-me calada com seus olhos vazios. Aliás, ela é uma grande companheira, muitas vezes nos encontramos entre a multidão.

Ah! Não demora muito e o sol com suas grandes mãos, afastará as cortinas e as névoas do amanhecer e já poderei ver a estrada da rotina de cada dia.

Zulema Costa Mello
Enviado por Zulema Costa Mello em 24/08/2014
Código do texto: T4935060
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