Baratoeira para baratas
Prologo
Já vou avisando que o texto é longo e seria bom, reservar um tempo para um intervalo que ninguém é de ferro. Acho que me empolguei e conversa vai, conversa vem, perdi a noção do tempo, escorreguei na maionese indo ladeira abaixo. Aviso também que os doutos letrados, ditos homens de letras, de plantão, se abstenham de continuar pois a barra vai ser pesada e não estou disposto a levar desaforo para casa...
Outro ponto importante, alguns fatos podem parecer estranhos, mas, se certos assessores palacianos tentam explicar o inexplicável, porque não um reles mortal não pode.
Preliminares
Antes de mais nada, gostaria de definir a barata: um inseto invertebrado da classe artrópode. Por ai temos dois tipos mais comuns: a Blattella germânica conhecida por barata alemã de cozinha, encontrada no seu armário ai debaixo da pia, minha senhora. Foi importada por algum Von Fritz da vida a mando do Hitler, no intuito de minar a resistência das progenitoras dos nossos pracinhas da FEB na segunda guerra e consequentemente, atingindo indiretamente o ânimo dos mesmos.
Dizem que a primeira leva infectante, veio no Zepelim (aquele charuto nazista enorme) que aportou lá pelas praias cariocas, em seu voo transatlântico do sul. O do norte se escafedeu num incêndio horrível, lá pelos lados de New York ou sei lá onde; não vem que não tem, não vou interromper para consultar o Google não.
Depois, vieram a se espalhar pelo Brasil a fora, graças a bem organizada SS que montou uma rede de espiões pelo pais. Dizem até que infiltrou-se na Conjuração Mineira no intento de dar uma mão aos inconfidentes daquele dentista famoso do boticão, não tanto quanto o meu, mais bem aparelhado.
Tudo isto devidamente documentado e catalogado na Biblioteca Nacional e na Wikipédia da Dilma, naturalmente. Ela até que ameaçou um arremedo de reclamação, mas o Lula achou por bem deixar pra lá nestes tempos conturbados de eleição, não querendo abrir mais uma crise internacional com a Angel Merkel, que já anda tiririca com o tal de Obama, devido as tais conversas privadas que ela andou tendo por lá. O que será que nas conversas ela aprontou...
Já a outra barata, Periplaneta americana, de esgoto, cascuda como o John Doe, seu importador com Nota Fiscal e tudo, que é para a Receita Federal não encher as paciências. Elas provavelmente saem pelos ralos! Cuidado com a caixa de gordura, aqui apareceram nas galerias fluviais...
Mas na verdade, isto é intriga pois esta última, veio parar aqui na terrinha, por um infeliz acidente numa exposição americana no Planetário do Ibirapuera. As caixas do mostruário, que foram desembarcadas de um navio americano no porto de Santos, foram infectadas previamente por agentes da SS, agora com insetos advindos dos Estados Unidos, de forma a incrimina-los com provas factuais.
Os agentes nazistas conseguiram seu intento devido a contra espionagem americana estar de férias coletivas. Provavelmente consequência do fracasso na captura do Edward Snowden que, espertamente, vasou para a Rússia num vazo de guerra da esquadra de um tal de Colombo que ia para os lados das Índias.
Enfim, os insetos se instalaram na capital Paulista causando grande transtorno a população, principalmente a feminina, segundo edital na seção de Opinião do Estadão e acabaram se espalhando pelos quatro cantos do pais, não se sabe até hoje como. Se de avião ou nos lombos dos burros dos mascates.
Recentes pesquisas desenvolvidas pelos eminentes cientistas da USP, aliados com os da UNICAMP, nos respeitados laboratórios da Fundação Osvaldo Cruz, ainda não conseguiram uma explicação sequer da infecção nacional. Até pediram a ajuda do Instituto Butantã, informando este que as serpentes lá disponíveis, não se alimentavam de baratas, portanto, não poderiam fazer nada, quanto menos mudar o regime alimentar delas. Já o Instituto Pasteur, de tanto insistirem, com raiva, nem quis saber, se louco sô.
Ainda quanto as baratas citadas, enquanto a alemã dura somente 153 dias, a americana vai mais longe, até 3 anos, donde se conclui que, ao escolher, prefira a alemã que você fica logo livre dela, mesmo porque deve ser mais higiênica, não vem do esgoto e provavelmente não transmita vírus fecais.
Pode até parecer que o material alemão é menos durável, mas não se enganem pela fragilidade do mesmo; segundo se diz por ai, é de propósito, foi geneticamente modificada nos laboratórios da Bayer, justamente para infernizar menos, vindo a óbito logo. É a famosa alta tecnologia alemã. Isto os agentes da SS não sabiam na época, por isto mesmo, os responsáveis foram sumariamente demitidos por justa causa, sem direito nem ao FGTS, quanto mais a multa de 40% devida pelo empregador, usaram as leis brasileiras visto ter ocorrido aqui.
Já a protagonista do nosso caso, não sei qual era não, pois não tínhamos conhecimento científico e era difícil conseguir um exame de DNA naqueles tempos.
Intermezzo
Mas afinal de conta, isto tudo é besteira, inclusive esta transgressão inútil para aborrecer o leitor, pois não vem ao caso. Mas, na pior das hipóteses, um pouco de conhecimento inútil foi adquirido...
Neste ponto, o estimado leitor deve estar pasmo e incrédulo, mas, mui respeitosamente, devo lembra-lo de que é fato que fatos são fatos de fato, factum est. Frase esta, de fato, já utilizada em crônica anterior deste autor e de seu uso exclusivo. Os letrados de plantão, furibundos de fato, podem estar cuspindo fogo até pelas orelhas, mas o iletrado aqui, não está nem ai... Felizmente o seu Machado Assistido do Rio e seu Rui Barbado da Bahia, aquele de óculos pence nez ridículos, já foram a óbito de fato, muito antes dos fatos, assim, exime-se o autor dos danos aos seus ouvidos, moucos de fato. Se quiserem que revirem-se em suas respectivas sepulturas, desde que fiquem de lado; segundo um ortopedista daqui é a posição correta de deitar-se e não ter dores nas costas, isto é fato de fato.
Do fato
Já o caso objeto deste, finalmente parece que vamos aos fatos, foi ai pelos idos de 1963, quando o autor que subscreve, encontrava-se no Pensionato do Colégio Santo Antônio, na Rua Pernambuco, Savassi – BH. Já vou avisando que não mais existe, acho que desistiram dele em favor de utilizar o edifício para outras finalidades educacionais, felizmente não implodindo o mesmo.
Aliás, na época o diretor era o Frei Aristides. Hoje nome do Ginásio Esportivo do Colégio na Rua Santa Rita Durão, deveria ser admirador de esportes para tal homenagem. Mas era mesmo um fanático torcedor do América, portanto um coitado contumaz sofredor, e se não me engano, até participava da diretória do clube...
Pois bem, tínhamos uns setenta pensionistas e deles se destacava um com verdadeiro pavor de baratas, tinha catsaridafobia segundo o Google, meu competente consultor. Assim, a turma resolveu lhe pregar um peça, na verdade um susto (trolando segundo o Youtube).
A produção, muito bem produzida, diga-se de passagem com a assistência do Núcleo de Novelas da Globo, destacou duas turmas para a execução da tarefa.
Uma turma encarregou-se de entreter o incauto na frente do edifício, sabe, segurando ele na conversa vai, conversa vem... O bobinho nem desconfiando a causa daquela atenção toda e de tantos colegas ao redor. Os famosos 15 minutos de fama.
Enquanto isto, obtida a distração da vítima, outra turma, a da execução, pegou no pesado para preparar o cenário, invadindo, no bom sentido, o seu quarto. Assim, levantando seu colchão, sabe aquele de palhas da época, cama de molas e tal, cuidadosamente instalaram mais de um dúzia de baratas debaixo do mesmo. Eram daquelas parrudas, casca grossa, avermelhadas, tudo que nem pinhão. Foram previamente caçadas, o que prova sem sombra de dúvidas, a premeditação do crime, que o confirme algum casuístico de plantão por acaso lendo este texto. Acho que os letrados já se mandaram a muito, devido ao massacre acachapante do linguajar pátrio, cometido acima e pior, a cometer abaixo.
Ato continuo, preparado o tétrico cenário, para fins hilários, até para os mais valentes em se tratando de baratas, que nojo elas andando por lá, sutilmente avisaram a turma da distração estar tudo pronto para o espetáculo, faltando apenas subir a cortina. Isto posto, o assunto da conversa foi sutilmente encaminhado para abordar a presença de muitas baratas no pensionato, desta arte, já preparando o espirito do incauto para que tivesse o maior choque possível.
Já regozijando pelo advindo resultado, resolveram encerrar o meeting e se dirigirem aos quartos, no entanto, a conversa continuou escadas a fora com a horda seguindo-o a seu quarto. Ele nem mesmo percebeu quantos tantos o seguiam, nem muito menos desconfiou do objetivo, entretido que estava com a atenção a ele despendida (olha o gerúndio ai de novo).
No quarto, agora quase lotado, continuou-se aquela conversa das baratas no prédio. Desta forma, alguém se propôs a verificar se havia alguma por ali, no intuito de tranquiliza-lo. Depois de verificar minuciosamente pelos cantos e nada sendo encontrado, ele já ia ficando mais tranquilo, quando sugeriram verificar o colchão, por via das dúvidas. Imaginem o terror do mesmo, ao constatar o enxame que ali estava. Uma aqui, outra acola, outra mais ali... Se com uma já se borrava todo, com uma dúzia então...
Apavorado, ele saiu intempestivamente do recinto e foi mesmo com muita calma, que não tinha calmante, que conseguiram sua volta. Lógico, depois que todas as baratas foram devidamente recolhidas pelos engraçadinhos e após uma rigorosa vistoria da Vigilância Sanitária. Bem, isto ai não é verdade, foi só para enfatizar e rebuscar um pouco o texto. Se puderem, passem a borracha na Vigilância Sanitária, meu corretor acabou. Não sei se ele conseguiu dormir aquela noite. Deve de ter trancado bem a porta, vedando a fresta da mesma com toalha.
Já as más línguas dizem que aproveitaram a excessiva quantidade das ditas baratas e as assaram até ficar crocante, para servir de petisco. Credo em cruz, não acredito não, que isto é lá para os lados asiáticos que são chegados a comidas exóticas, conforme o filme “Mundo Cão” que assistia num cinema da Praça Raul Soares, arrepiado.
Conclusão
Em tempo, sabem um método de pegar as ditas baratas, coisa de estudante mesmo, bastava deixar um litro de Coca Cola vazio, porem com restos do líquido, sem tampa ou melhor tampinha. A vítima, neste caso a barata, sorrateiramente entrava pelo gargalo à busca do petisco, mas não conseguia sair. Isto descobri quando deixei inadvertidamente uma no armário, apanhado umas duas das grandes. Que coisa horrível colocar no armário ficando que nem Ricardão!
Fica ai a ideia para os universitários, principalmente de marketing, que podem aproveitar e fazer desta armadilha, o objeto de sua Monografia: “O Combate Eficiente à Blattella” ou “A Batalha Contra a Blattella”. Uma vantagem é que a Coca Cola, agradecida pela exposição, pode até financiar as pesquisas, dando uma ajudazinha.
Aliás, antes que alguém o faça, registrem no INPI com o sugestivo nome de Baratoeira. Infelizmente, o nome bastante apropriado e sugestivo de Baratofim ou o fim da barata bem barato enfim, não está disponível, já o produto sim, por módicos R$ 8, 56. E ao contrário deste, aquele não precisa ser conservado longe do alcance das crianças, outra vantagem.
O produto viria em embalagens pet, dedetizadas a vácuo, lógico, com uma variedade de tamanhos de acordo com a necessidade do consumidor: 300ml, 1litro, 2litro... Descartáveis, pois as consumidoras não vão querer retirar as baratas uma por uma, melhor jogar fora e usar uma nova. Outra vantagem, agora para o fabricante. Em tempo, acompanharia isca em sache com Coca Cola.
Depois, disfrute dos royalties chamando logo a Dedetizadora D.D.Drin e fique livre das ditas cujas de forma mais higiénica e inteligente, as custas dos otários consumidores.
Finalmentes
Em tempo, já vou contatar a Coca Cola e a D.D.Drin pra receber os créditos, digo remuneração, pelas citações aqui apostas.
Aviso aos estimados leitores que não se impressionem com o longo texto, pois ainda é um rascunho. O definitivo será bem mais encorpado, pois além da elucidação dos fatos, novos avanços científicos e novas descobertas históricas, poderão e serão incorporados ao texto. Numa previsão pessimista, provavelmente o tamanho dobrará. Na otimista, só Deus sabe o que vai ser. Portanto, preparem os óculos, pence nez ou não, usem e abusem de um bom colírio (não use agua burricada que é para bebe) e um bule de café bem forte que a coisa vai ferver...
Mais uma, agora a pouco me informaram que o nome científico do inseto é Supella longipalpa; mais que nominho esquisito sô, de qualquer forma, que me desculpem os leitores, não vou ter o trabalho de refazer todo texto por este simples detalhe, não vale a pena... Ademais, de tão longo o texto, a tinta acabou e a papelaria só amanhã!!!
Fonte da baratas: http://www.pragas.com.br/consumidor/pragas/barata/barata_main.php
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