Play
Apareceu para mim como sugestão.
Um frio no abdômen veio. Arrumei até a minha postura na cadeira.
Na playlist de canções que separei on-line, a internet me sugere aquela música. Justo aquela.
Há quanto tempo não a ouvia.
A última vez fora com você.
Lembra? “Nossa música”.
Não que não tivéssemos outras. Mas era só começar a melodia, nosso olhar trocava.
O meu coração pulava. A música crescia em mim conforme o meu sentimento por você.
Mas ela tem aproximadamente 3 minutos. E acaba, igual a você.
Onde errei? Onde erramos? Deve ser aquela coisa: não era para ser.
Cada estrofe, cada rima, era uma lembrança do seu rosto quando não te via.
Seguimos em frente. Soube que está bem...eu estou! Daquele jeito, trabalhando, me encontrando...
Mas queria saber o que eu sentiria ao te ver. Calafrio? Carinho? Ódio? Indiferença? “O que eu tinha na cabeça pra ter ficado com você” ? Não sei.
Ouvindo a música, às vezes eu descobriria. Afinal, você era a melodia dos meus dias.
Respira...
Inspira...
É só uma canção de amor.
Que é sua. Não ouviria com mais ninguém.
Não porque você será para sempre a pessoa amada, mas porque, na verdade, cada pessoa é única.
Não há nada mais grotesco que dedicar uma única música para todas as pessoas com quem relaciona, falando “Ouvi essa canção e lembrei de você”.
Você tem a sua canção. As outras antes de você também tiveram cada uma a sua canção.
Aliás, também evitei as músicas dessas por longo tempo.
Como seria essa miscelânea de canções e nostalgias?
A gente pensa: o mundo é nosso, e juntos seremos tudo.
Dizemos isso até o primeiro inverno dos problemas.
Depois é cada um em sua esquina.
“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”, dizia Exupéry.
Mas, bem, chega de falação.
Play.