A Procura da Felicidade
Existia uma liberdade, uma liberdade assimilada. Algo que estava intrínseco em mim. E isso era felicidade, isso era amor próprio, autoconhecimento. Mas algo aconteceu... Se há abandono, se há um limite para o abandono, eu não sei mais... As pessoas na minha vida vão ficando pela estrada, ou vão me deixando pelas esquinas por que passei... me esquecendo de suas vidas como um bom momento, um bom filme, um livro qualquer... “um capacho que que os ciganos levaram e não valia nada”. Tenho tentado exaustivamente definir abandono e todo o seu campo de atuação. Abandono é o irmão mau da solidão, é Caim, é o estar só sem a beleza de querer estar só... É algo imposto, massacrante e cruel, que dilapida o mais concreto do bom senso. E abandono é muito mais do que deixar só, é a desistência do ideal alheio, é o descrédito no caráter, é a desconfiança na ética, amor, fidelidade... é a impossibilidade de confiar, é o preconceito frente a opinião popular...
E o abandono que fizeram de mim, pôs em xeque a confiança que eu tinha em mim mesmo e destruí em mim aquela liberdade intrínseca, e hoje estou à caça de mim mesmo, procurando nesse mar que tenta me sufocar um pouco de paz. E é o tic-tac do relógio o produtor de medos em mim, o autor dos meus desesperos, a máquina que produz a ânsia da minha vida. Vejo o levantar e o deitar do sol e da lua em um baile infindável. E o Sr. Tempo, como diz Pessoa,” a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens”. E nessa busca incessante de mim mesmo descobri o que me faz feliz. Deixei de lado as ilusões juvenis de felicidade e projetos megalomaníacos... o tempo é curto demais para querer o mundo, o mundo é grande demais para perder a vida por domina-lo. É muito mais do que saber o que lhe traz satisfação é a felicidade em forma etérea. Meu ser quer paz... aquela paz assimilada que roubaram de mim, e está em fazer coisas simples como se fossem grandes, que está em saber que tudo tem seu tempo, que os objetivos da vida serão alcançados, mas a guerra é vencida a cada batalha, que as pessoas que te deixaram para trás, perderam mais do que ganharam, que as pessoas que te encontraram, hoje possuem um tesouro de grande valor. É entender que amigos de verdade são aquelas pessoas que confiam apenas e unicamente na sua palavra, independente do mundo dizer contra... E que caso você se engane nunca teriam sido iludido pelo seu erro, pois entendem onde você é capaz de falhar. É entender que a amizade é um selo validador de status. Então não importa o grau de parentesco, este só terá validade se for legitimado por uma amizade inabalável... e é por isso que amigos é a família que escolhemos ter, e os dedos molhados de lágrimas que carregarão a alça de sua última caminhada nesse mundo. Felicidade é encontrar o equilíbrio, é entender o seu lugar no mundo... é saber sem duvidar de si mesmo o que quer da vida... e não importa se a revelação vem aos 20 ou aos 40, cada um têm seu próprio tempo para se entender...
Então não se venda por objetivos fúteis e temporários... o amor da sua vida pode não ter o que você quer hoje... mas ele tem o que ninguém mais tem, um algo que só se adapta a você. Algo que por muito tempo você não sabia onde achar... mas que periodicamente faz falta em você. Não se iluda pelos momentos ruins como se estes não fossem nunca passar... por mais que uma guerra se prolongue... é inevitável que uma lado vença e a luta acabe. E lembre-se, muitas pessoas perdem a guerra, e com ela a vida... Então mantenha o foco, não perca sua vida. Nunca esqueça, nada está perdido. Você pode voltar e apanhar o amigo esquecido na esquina, você pode fazer do abandono um novo caminho, você pode ser feliz, ou morrer tentando. Mas não pare, não se entregue... “não morra antes da morte chegar”. Os cavalos ainda estão na pista, ainda há folego em seus pulmões, e como dizia a Dory, “se a vida lhe decepciona... continue a nadar”.
Faça como eu, reveja prioridades, ajuste as velas, respire fundo e nuca desista. Eu ainda vou reencontrar a paz que me trará aquela felicidade intrínseca, tão assimilada em mim que não poderão dizer onde começa o risos terminam as lágrimas.