Pausa ociosa
E eu desejava um minuto de paz...
Para ler um livro chato e não falar sobre nada. Tomar um café quase amargo e não pensar em nada. Um minuto de paz dessa guerra interior.
Um minuto de paz...
Para provar da insensatez. E nada mais. Com desencontros e despedidas. Lembrar como é a indecisão. Sentir o frio das noites de insônia. Sem a necessidade de perfeição.
Paz...
Para esquecer aqueles verbos intransitivos. E aqueles conceitos relativos, que mudam de acordo com o olhar.
E sentar, e escrever coisas fúteis que nem eu mesma vou querer ler.
Só para olhar os meus dias e inventar meu passado. Dizer às pessoas que um dia vivi. Fingir que alcancei, que amei, que sorri. Recontar minha vida como bem preferir.
Um minuto sem medo. Sem olhares, segredo. Tudo explícito, origem e desfecho.
Eu desejava um minuto de paz...
Paz que não é possível. Um lugar inacessível. Fico olhando aqui de baixo, desejando o invisível.
Mesmo que eu desejasse essa paz é algo insensato. Eu desejei, e não desejo mais. Um minuto de ócio não aplacaria a guerra que há muito tempo se faz...