MORRO DOS MACHADOS

Morro alto, sol ardente!

Era verão e fazia muito calor.

Meio dia e meia, assim marcava a Hora no relógio de bolso de seu Salim Halialab, um libanês que veio em tenra idade de sua terra natal.

Passo a passo ele ia subindo aquela elevação do solo do Médio Jequitinhonha.

Estava ainda bem no começo.

Havia mais de um quilômetro morro acima,

Até chegar na porteira que dava acesso

Ao caminho batido que levava os visitantes

À casa de dona Ruth Halialab Pereira, sua irmã, casada com seu Benedito Pereira.

Ao olhar pelo morro acima,

Seu Quinzinho não via nenhuma árvore para refrescar a careca na caminhada.

Somente o ar tremendo sobre os pedregulhos da estrada.

O suor ia descendo pelo seu rosto envelhecido,

Seu chapeuzinho de aba estreita feito de pelo de coelho, meio torto na cabeça, mal tapava os raios estridentes do sol de verão

Que castigava as terras do Médio Jequitinhonha.

A mala sempre deslizando pelos dedos, devido o suor das mãos.

Assim seu Salim ia subindo o outeiro.

Sua boca seca pedia água,

Suas pernas cansadas iam lentamente dando as passadas em direção ao espigão.

O paletó jogado no ombro,

A botina toda tomada de poeira,

E o lenço na mão direita que ia enxugando o suor do rosto.

Assim Salim que acabava de chegar no Paranazão,

Subia o morro dos Machados,

Para visitar sua irmã Ruth,

Que por sinal, não sabia da sua chegada.

Morto de sede, cansado e suado seu Salim,

Na pior hora do dia, acabava de subir o outeiro.

Do alto da colina, ele avistou a casa de sua irmã lá embaixo,

Mais para o lado do boqueirão.

Sorriu, tirou o chapéu, enxugou o suor e disse:

“Graças a Deus!”

É isso aí!

Acácio

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 17/05/2007
Reeditado em 24/07/2017
Código do texto: T490415
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