PATRIOTISMO DE CHUTEIRAS

A capela do hino nacional cantada nos estádios pelos “brasileiros com muito orgulho, com muito amor” é prova de que a pátria de chuteiras é efêmera e si dilui nas vozes dissonantes e nas veias vazias de uma gente enganada que pensa ser um “gigante pela própria natureza”, que a mãe gentil quer ver seus filhos educados participando da vida política e cultural respeitando as diversidades étnicas e religiosas. A madrasta nação cantada no hino que foi ouvido às margens do Ipiranga com suas margens plácidas, não quer a brava gente de pé em posição de igualdade, o Brasil quando nasceu foi abandonado em uma noite escura na porta do oceano Atlântico.

Idolatramos a pátria amada, mas não sabemos seu endereço de fato, fomos convidados, mas não desenharam o mapa, estamos perdidos em seus esplêndidos berços e ali passamos fome e frio. Descalço, o nosso futuro não é espelhado porque nossa grandeza é uma sombra daquilo que podemos alcançar, onde a imagem do cruzeiro é ofuscada pelo céu profundo e perigoso onde mais de um Deus reside e que na sua fúria a gente teme, adora e ostenta.

O intenso novo mundo, cintilante que se espalha com barulho, poluído, constelado, brilhante, acolhedor, generoso, cativante e amado; resplandece com orgulho na ponta das chuteiras enfeitadas e amadas acima de tudo. Ó pátria que servimos e que nada nos retribui, a enfeitamos com flores, iluminamos seus verdes campos e a defendemos com nossos tacapes e flechas para que durmas eternamente em seu travesseiro de florão.

Nossos bosques são lindas telas em exposição para que os homens de outras línguas possam sentar com seus filhos em um “piquenique”, e depois saem dali e deixam as gramas e cores sujas para que nossos filhos nunca pisem em coisas limpas.

Teus filhos não fogem à luta porque já se acostumaram com a derrota e sabem que não adianta correr das tuas garras, se encolhem diante do primeiro grito e esquecem que têm braços fortes e que, se lutarem juntos, serão capazes de derrubar as montanhas que os separam da liberdade.

Ricardo Mezavila.

Ricardo Mezavila
Enviado por Ricardo Mezavila em 04/07/2014
Reeditado em 04/07/2014
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