Daquilo que te falta

Você ja sentiu tanto a falta de alguém a ponto de confundir a falta dessa pessoa com a falta de você mesmo? É como eu digo: alguns dias são piores que outros. A maioria é suportável, as quartas e os sábados breves salvações, mas os domingos, pequenos infernos nessa infinidade de dias. O ócio traz de volta todos esses sentimentos que você repudia sentir. É nos domingos que você para pra pensar no que fez na semana, no mês, no ano ate então. É nos domingos que você para pra ler um Bukowski enquanto toca sua música favorita: aquela mistura de vinho barato, piano e a gargalhada gostosa que tanto te falta. Nos domingos você senta com a sua família, e apesar daquela repulsa com os velhos preconceitos ali compartilhados, você se sente em casa. E ai você lembra daqueles braços, que te seguraram por uns cinco minutos e que depois disso você nunca mais encontrou o caminho de casa. Num domingo você percebe que nenhuma voz é boa o bastante pra combinar com a porra desse piano e droga! O vinho acabou. E você ri. Mas a sua risada nunca foi tão feia quanto agora. E tua boca tem gosto de sal. E tem a droga de um pingo no chão. E não é vinho. E não é desgosto e não é Bukowski. É a porra de uma lágrima. É nessa hora que você pausa a musica, você fecha o livro, você lava a cara. Você sente falta de uns dez minutos atras, quando você só queria curtir a tranqüilidade do dia. É o que eu te digo: você não quer a paz, você não quer o ócio. Você quer o que te destrói, o que te põe à prova. Você quer o que você sente falta. Você quer você mesmo.

Paloma Rafaela
Enviado por Paloma Rafaela em 28/06/2014
Reeditado em 04/07/2014
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