MODERNIDADE SEM CAUSA

E por falar em ironia, a maioria das almas é igual: espera das outras que assumam a forma de alma. Faz parte do cotidiano – condenar o próprio cotidiano pelo itinerário intruso. Faz parte das bocas acusarem outras bocas pela falta de criatividade. O pecado está no alheio. O problema é esse monte de alma. Vazia, a esperança é um bolo de sonhos salgados. Faz parte do achismo a conclusão mais solene. Faz parte da gente: achar que o respeito é insidioso. Vergonha não temos da nossa própria tolice. Vantagem não vemos em conservar a mesmice. Reagir contra as possibilidades é próprio de quem se acha tão próprio. O ódio não é um barbudo gigante de tacape nas mãos. O ódio está no pódio que me tiram, o ódio está no mérito que não possuo, o ódio está na vesguice da alma. Mas, e por falar em alma, as outras que esperem da minha, porque a minha não deve nada a ninguém.