A Criatura (im)Perfeita
Não esperem que eu seja um anjo, nem me demonizem. Não pressuponham que eu vá compreender e aceitar tudo, tampouco tenham medo que eu seja tirânico e que faça julgamentos precipitados. Não me subestimem, nem superestimem – não sou perfeito, mas também acerto muito na vida. Escrevo certo por linhas tortas, sem pressa, mas fazendo novidade a cada segundo. Aprendo e ensino dia a dia. Suscito a dúvida e encontro a resposta; tenho em mim o grito inaudível e o silêncio ensurdecedor.
Não queiram que eu me emocione, me apaixone, ame ou demonstre sentimentos facilmente, nem se surpreendam com minhas explosões de emoção inesperadas, evidentes em lágrimas, sorrisos, gargalhadas, olhares, arrepios, etc. Não esperem nada de mim; ao mesmo tempo, estejam preparados para tudo. Faço rir e chorar, acalmo e irrito. Levo a tempestade e a bonança por onde passo; tenho em mim a paz e a guerra.
Eu não sou um robô programado. Eu sou humano. Faço questão de ressaltar isso, com orgulho e fascínio. E o que sou, como sou, também depende dos outros humanos que vivem por perto. Para cada um deles, sou de um jeito, sei disso. Bom ou mau, racional ou sentimental, inocente ou malicioso, doce ou amargo, carente ou independente, esperto ou tolo, maduro ou infantil, puro ou pervertido, previsível ou surpreendente, feliz ou triste, sensato ou insano, sensível ou frio, simpático ou chato, frágil ou forte, herói ou vilão... nada disso é bem delimitado na personalidade de quem é realmente humano. Sou tudo, e sou nada também. Tenho em mim toda a essência humana.
“Humano”. Quer palavra que englobe em si mesma mais contradição e mistério do que essa?!
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