BODAS DE PALHA

DIA 19 DE MAIO DE 1991, cerimônia marcada para as 17h00, duas jovens, lindas, apaixonantes e sonhadoras, realizando o sonho de todas, ou quase todas, as mulheres. Uma das noivas, que é melhor não relatar o nome,(né Silvia?), chegou um pouquinho fora de hora, dando tempo para o noivo desistir, caso quisesse. Normal, brasileiro é assim mesmo, chega sempre atrasado, com a noiva não podia ser diferente.

Mais valeu apenas, chegaram as duas jovens, simplesmente deslumbrantes, risos e lágrimas, pra ficar ainda mais emocionante.

Não é fácil, construir uma história a dois, precisamos de muitos ajustes, uma cama, dois corpos que precisam se fundir em um só. Às vezes é dolorido, abre mão disso, daquilo, disso aqui não, aquilo também não é possível é assim vão, seguindo a passos lentos e se adaptando à nova vida.

Vem dia de sol, dia de chuva, vem tempestade, vem bonança, vem estabilidade, vem crise, vem emprego e desemprego, vem um sobe e o outro desce e juntos os dois seguem.

Fácil não é, nunca foi e nunca será.

Fundirem-se dois em um, dói, mais desfazer esses laços doem ainda mais. Pois não envolve só dois, agora tem muita gente dependendo de nós. Os filhos, os pais, os irmãos, cunhados, sobrinhos, genros, noras e tanta gente mais.

Tivemos a crise dos 7, dos 10, dos 15 e a última foi a dos 22 anos, inclusive com direito a um ponto final(.) É, agora é sem jeito mesmo, e só restou o DIVÓRCIO, afinal, todo casamento tem suas crises, mais algumas são terminantemente irreversíveis, já não envolve mais só um, tem mais de um na relação.

Momento de reflexão. Você se analisa, analisa o outro e procura o culpado. Depois vem o remorso, errei nisso, errei naquilo, disse isso, esqueci de dizer aquilo, fiz isso, mais deixei de fazer aquilo e assim seguem os dois, buscando respostas e justificativas para o temível fim.

Começar de novo, conhecer outra pessoa, acertar com o outro, aquilo que não acertamos com o ex (a ex), e tudo porque o orgulho e a falta de humildade não nos permitiram falar, perdoar, confessar, sentar, resolver. Ninguém se pergunta se vale apenas começar de novo ou simplesmente recomeçar.

Quem sabe, seria mais simples, colocar dois pontos(:) a frente o ponto final(.) e numa pausa bem simples, tomar-se em reticências (...), deletar o que foi ruim e seguir de novo. E a idéia do fim, que seja como fogo de PALHA, rápido queime e se reescreva um novo (RE) COMEÇO.

Charlene Viana Magalhães Brasil

14/05/2014