O bem que faz o bem
Eu que por pouco não me acostumava com a tristeza fui espancado por uma certa felicidade um dia desses. Parecia um dia comum, nem mesmo os mais sensatos e espertos poderiam esperar mais do que o nascer do sol, o por do sol, o dia que se põe, o beijo de boa noite, mas ela estava ali, sorrateira vestindo seu sobretudo, ou então aquelas roupas pretas que nem a gente vê nos filmes sabe? Ao menos é como consigo imaginar, ela veio, ficou perto, escondida, eu nem vi, notei quando as coisas começaram a dar certo, quando o dia comum parou para olhar o que acontecia, e quando notei, admito que tentei mas não consegui esconder a alegria.
Mundo estranho, olha o que a gente tem que esconder? Vá esconder a tristeza porque essa sim deveria ter vergonha de vir nos ver, mas não, escondemos felicidade, escondemos o amor, alguns de tão bem escondido perdem. Parece que o bem fica ali se mostrando, se doando a todos e a gente com medo de perder, mas ele é tão grande, que dava pra dar um pouco pra cada um, pouco que já seria muito para alguns, ai fica esse mal andando de lá pra cá, fazendo a gente se esconder e deixar ele nos procurar. Mas escondemos o que tem que se ver, não jogamos fora o que não devíamos esquecer, e ficamos num mundo escuro, onde quem tem luz se tranca num quarto para que ninguém roube.
Peço desculpas por ficar trocando de assunto, voltemos a minha historia, foi nesse dia que resolvi tirar a lanterna de onde ela estava escondida, felicidade que se escondia se mostrou, ao menos o seu rosto, percebi que ela também sorria, enquanto isso a tristeza teve que se ausentar, tinha muita luz por ali, era saudade que essa gente tinha, saudade de felicidade.