Indagações irrespondíveis
Quando comecei a escrever Destino Implacável, eu estava atravessando uma fase de dúvidas, onde eu me perguntava sobre se nós escrevíamos as linhas das nossas vidas ou éramos apenas as vítimas de um destino implacavelmente escrito, visto que, todos os dias, por mais que tentemos lutar contra as circunstâncias, vemos que há forças que escapam ao nosso controle.
Acabei escrevendo sobre um homem, chamado João Pedro, alguém que, à primeira vista, não chama a atenção e pode mesmo despertar piedade: amargurado por causa dos traumas do seu passado, há algum tempo, ele tem se entregado à bebida e se perguntado se vale a pena lutar se, no final, parece que tudo termina por nos esmagar.
Pensando na maneira como João Pedro se sente, eu o fiz começar o livro vendo uma mosca se debater para escapar de uma teia enquanto a aranha, tranquilamente, prepara-se para devorá-la, o que o leva a comparar a aranha ao destino, sempre implacável e a teia à vida, pelo fato das circunstâncias que nos cercam em alguns momentos, parecerem nos aprisionar. Ele termina por pensar que ele é como a mosca: lutando inutilmente para se libertar da armadilha da teia. Tal impressão é reforçada por seu passado e pelo fato de, mesmo tendo lutado tanto, nada ter saído como ele esperava. Quem já não se sentiu assim?
Não imaginei João Pedro como um herói típico. Em alguns momentos, ele pode parecer patético, já que temos a impressão de que perdeu a vontade de viver e lutar por mudanças na sua vida. Enquanto ele é atormentado pelos espectros do seu passado, começa a ter estranhas visões e ser assombrado por pressentimentos, o que o faz se indagar: estará tendo alucinações? Ou o mundo não é como pensamos?
À medida que a trama se desenrola, João Pedro vai vendo que precisa tomar uma decisão: continuar lutando ou se entregar de uma vez? Deve-se lutar mesmo quando tudo parece contra nós?
Creio que João Pedro pode ser eu ou qualquer um de nós, pois ele tem dúvidas e se sente inseguro, sem saber que rumo dar à sua vida. Ele reflete as indagações irrespondíveis que nós sempre nos fazemos: existe um destino escrito? Ou nós mesmos construímos nossas vidas? No final, ele se tornou palpável e ganhou vida própria, conquistando-me com sua fragilidade, contra a qual ele precisará lutar para os confrontos finais com que irá se deparar.
Quanto ao livro, publiquei-o pela Garcia Edizioni, que acreditou na qualidade da história, a qual não espero que se torne um best-seller, mas que cative quem vier a ler.