A NATUREZA E OTRISTE PIO DA PERDIZ



Espoleta... Pólvora... E chumbo!
Esse era o dizer da perdiz na interpretação dos sentimentais sertanejo filhos do mato, e defensores da natureza, nas enfumaçadas e melancólicas tardes de setembro, que tomados por um sentimento mórbido interpretava como um lamento o triste pio da perdiz, perseguida pelos caçadores inconsciente, nos cafundós do sertão.
Ao contrário dos nobres que promoviam desordenadamente a matança de milhares de animais silvestres. Uma crueldade praticada como esporte e lazer. O roceiro forçado pelas circunstancias na dura realidade do campo, buscava na caça e na pesca, não uma diversão, mas uma alternativa na complementação de sua alimentação.
Submetido à mercê das intempéries climáticas, sobrevivendo do que a terra produzia. O lavrador e sua familia viram muitas vezes suas lavouras sendo destruídas, por uma seqüência de impiedosos veranicos que burlava seus objetivos tornando seu suprimento de alimentação insuficiente e irrisório. Empobrecido e sem alternativa, o matuto apelava para a natureza, sobrevivendo do que ela o disponibilizava. Jamais um lavrador tivera força suficiente para destruir a natureza, a ponto de extinguir tantas espécies da fauna silvestre, eliminando as florestas da maneira tão desastrosa como ocorreu ultimamente, causado o grande desequilíbrio que temos enfrentado e que vai se alongando no decorrer de cada ano. Os pequenos arranhões causados a ela pelo matuto sertanejo, com suas ferramentas rudimentares, eram cicatrizados em pouco tempo pelo seu poder de recriar. Mas o homem culto e evoluído veio com o seu poder de destruição infernal, que a cada dia se torna mais potente. Capaz de destruir em horas e dias, tudo aquilo que a natureza com sua perseverança, levaram centenas e até milhar de anos para criar. E que o machado do lenhador apenas feria levemente.
Sem nenhum poder de ação e de mãos vazias, o sertanejo pobre e entristecido viu seu maior bem, o pulmão da terra ser devastado da forma mais cruel, perversa, e inconsciente, pelo avanço tecnológico, dos homens evoluídos e informatizados que dominou o universo, destruído as reservas florestais responsável pela produção de oxigênio o mais precioso elemento de sobrevivência de todas as espécies de vida no planeta.
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 05/05/2014
Reeditado em 05/05/2014
Código do texto: T4795049
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