Pra que pressa?
Certa vez fiz um curso para aumentar a velocidade da minha leitura e minha capacidade de memorização. O curso foi avançando e eu cada vez mais entusiasmado. Quando peguei o diploma eu realmente estava orgulhoso com os meus resultados, pois conseguia memorizar uma grande quantidade de dados com muita facilidade, ler textos e jornais com uma incrível rapidez.
Nessa mesma época eu fazia um curso de pintura com a artista plástica Tova Cohen e comentei com ela a respeito do sucesso que eu vinha obtendo em meu curso de leitura.
A Sra. Tova com sua admirável afetividade e polidez me disse: “é importante buscar novas técnicas sem descartar as maravilhas que já possuímos” e continuou: “tem certos livros que necessitamos ler, reler, voltar à página anterior, saborear lentamente cada linha, cada palavra, sem pressa”.
A sapiência das palavras da Sra. Tova ficou registrada em minha lembrança de tal maneira que o curso todo de “memorização e leitura” jamais será capaz de obter tamanha eficiência. O tempo passou, muitas coisas do curso eu já não me lembro, mas as palavras daquela maravilhosa professora não passarão jamais.
Fico pensando nesta forma antiga, funcional e agradável de veicular informações. Quem não se delicia em ler seu jornal no sofá, na rede e fica irritado quando alguém tira as folhas da ordem? Jornais, livros, folhetins, cordéis e tantos outros instrumentos que levam e trazem conhecimentos unindo pessoas.
Uma linda poesia, um bom romance para que pressa?
É necessário tempo para ler e reler, assim como as lembranças agradáveis da vida necessitam ser rememoradas inúmeras vezes.