O frango e o celular
Qual é a relação entre um frango e um celular? Nenhuma. Eu também pensava assim, mas, depois do que aconteceu comigo, acho que mudei de opinião.
Dia desses, ou melhor, noite dessas, eu sonhei que descia de um ônibus falando ao celular. De repente, surgiu um moleque, arrancou-o de minha mão e saiu correndo. Eu gritava, pedia ajuda às pessoas que passavam na rua, mas o garoto desapareceu na multidão levando meu aparelho. Acordei assustada, com a impressão de que aquilo acontecera de fato. Levantei-me da cama, pois já passava da hora que costumo me levantar todas as manhãs, e logo esqueci o sonho desagradável.
Eu precisava sair para resolver algumas coisas no centro da cidade. Quando olhei o relógio, percebi que faltavam menos de quinze minutos para o ônibus passar. Troquei de roupa rapidinho, peguei a bolsa e me dirigi ao ponto que fica a menos de 100m de minha casa. Cheguei ao centro, fui ao banco, à farmácia, à Livraria - para checar as vendas de meu livro -, e, por último, entrei num supermercado. Fiz umas comprinhas: legumes, verduras, um peito de frango. Um, não. Dois. Dois peitos enormes que o carinha do açougue caprichou ao servir.
Quando estava saindo do supermercado, pensei em ligar para meu marido pra saber se ele poderia me buscar. Ao procurar o celular na bolsa não o encontrei. Por um instante recordei de meu sonho e cheguei a pensar que ele tivesse sido roubado. Mas não, na pressa ao sair de casa, eu o esqueci em cima de minha mesinha de cabeceira. Assim, tive mesmo de me dirigir ao terminal de ônibus para retornar à casa. Pra variar, o ônibus estava cheio, mas consegui encontrar um assento vazio. Sentei-me e coloquei minhas sacolas no chão, entre meus pés.
Durante o trajeto, já fazia meus planos para o almoço do dia seguinte: um franguinho ao forno com batatas coradas. Hum... Deu até água na boca!
Em quinze minutos já estava próxima ao ponto onde iria descer. Levantei, puxei a cordinha de solicitação de parada, peguei minhas sacolas e driblando os passageiros fui me aproximando da porta. O ônibus parou, eu desci e caminhei os quase 100m até o portão de minha casa. Quando fui procurar a chave na bolsa é que reparei numa coisa e falei pra mim mesma: “Ué, está faltando uma sacola aqui! Ah, não! Eu não acredito: está faltando exatamente a sacola em que está o frango!”
Gente, me bateu um desespero, uma revolta e eu comecei a chorar. Chorei mesmo: de raiva, de frustração. Como fui perder logo a sacola do frango? E nem adiantava esperar que o ônibus voltasse e que eu tentasse recuperá-la porque, com certeza, algum felizardo já devia tê-la encontrado e deveria estar comemorando, e ainda mais com aquele conteúdo tão saboroso. Isso não acontece todo dia. Ou nunca acontece. Além do mais, frango achado não é frango roubado. O novo dono deveria estar mesmo feliz e agradecido aos céus. Também já deveria estar planejando como ele seria preparado: assado, ensopado ou em bife? Ai, meu franguinho em outra panela. Que tristeza! Isso não é justo! Mas, fazer o quê? O negócio era mesmo me conformar e não ficar chorando o leite derramado, quero dizer, o frango perdido.
Passados os primeiros momentos de raiva fiquei pensando numa coisa: no meu sonho. Que coisa engraçada: no sonho eu descia do ônibus e me roubavam o celular, na realidade eu desci do ônibus e me “roubaram” o frango! O sonho pode ter sido um “aviso” de que eu deveria estar atenta porque perderia algo. Foi aí que percebi a relação entre duas coisas completamente desconexas: frango e celular. Ou será que isso foi só uma coincidência e que não há nada a ver entre uma coisa e outra?
De uma coisa eu tenho certeza: o episódio pode ter me chateado no primeiro momento, mas até que foi bem engraçado. Já ri muito contando o caso pra uma amiga que me disse que eu perco o frango, mas não perco a piada.
E nem a chance de criar um texto.
Qual é a relação entre um frango e um celular? Nenhuma. Eu também pensava assim, mas, depois do que aconteceu comigo, acho que mudei de opinião.
Dia desses, ou melhor, noite dessas, eu sonhei que descia de um ônibus falando ao celular. De repente, surgiu um moleque, arrancou-o de minha mão e saiu correndo. Eu gritava, pedia ajuda às pessoas que passavam na rua, mas o garoto desapareceu na multidão levando meu aparelho. Acordei assustada, com a impressão de que aquilo acontecera de fato. Levantei-me da cama, pois já passava da hora que costumo me levantar todas as manhãs, e logo esqueci o sonho desagradável.
Eu precisava sair para resolver algumas coisas no centro da cidade. Quando olhei o relógio, percebi que faltavam menos de quinze minutos para o ônibus passar. Troquei de roupa rapidinho, peguei a bolsa e me dirigi ao ponto que fica a menos de 100m de minha casa. Cheguei ao centro, fui ao banco, à farmácia, à Livraria - para checar as vendas de meu livro -, e, por último, entrei num supermercado. Fiz umas comprinhas: legumes, verduras, um peito de frango. Um, não. Dois. Dois peitos enormes que o carinha do açougue caprichou ao servir.
Quando estava saindo do supermercado, pensei em ligar para meu marido pra saber se ele poderia me buscar. Ao procurar o celular na bolsa não o encontrei. Por um instante recordei de meu sonho e cheguei a pensar que ele tivesse sido roubado. Mas não, na pressa ao sair de casa, eu o esqueci em cima de minha mesinha de cabeceira. Assim, tive mesmo de me dirigir ao terminal de ônibus para retornar à casa. Pra variar, o ônibus estava cheio, mas consegui encontrar um assento vazio. Sentei-me e coloquei minhas sacolas no chão, entre meus pés.
Durante o trajeto, já fazia meus planos para o almoço do dia seguinte: um franguinho ao forno com batatas coradas. Hum... Deu até água na boca!
Em quinze minutos já estava próxima ao ponto onde iria descer. Levantei, puxei a cordinha de solicitação de parada, peguei minhas sacolas e driblando os passageiros fui me aproximando da porta. O ônibus parou, eu desci e caminhei os quase 100m até o portão de minha casa. Quando fui procurar a chave na bolsa é que reparei numa coisa e falei pra mim mesma: “Ué, está faltando uma sacola aqui! Ah, não! Eu não acredito: está faltando exatamente a sacola em que está o frango!”
Gente, me bateu um desespero, uma revolta e eu comecei a chorar. Chorei mesmo: de raiva, de frustração. Como fui perder logo a sacola do frango? E nem adiantava esperar que o ônibus voltasse e que eu tentasse recuperá-la porque, com certeza, algum felizardo já devia tê-la encontrado e deveria estar comemorando, e ainda mais com aquele conteúdo tão saboroso. Isso não acontece todo dia. Ou nunca acontece. Além do mais, frango achado não é frango roubado. O novo dono deveria estar mesmo feliz e agradecido aos céus. Também já deveria estar planejando como ele seria preparado: assado, ensopado ou em bife? Ai, meu franguinho em outra panela. Que tristeza! Isso não é justo! Mas, fazer o quê? O negócio era mesmo me conformar e não ficar chorando o leite derramado, quero dizer, o frango perdido.
Passados os primeiros momentos de raiva fiquei pensando numa coisa: no meu sonho. Que coisa engraçada: no sonho eu descia do ônibus e me roubavam o celular, na realidade eu desci do ônibus e me “roubaram” o frango! O sonho pode ter sido um “aviso” de que eu deveria estar atenta porque perderia algo. Foi aí que percebi a relação entre duas coisas completamente desconexas: frango e celular. Ou será que isso foi só uma coincidência e que não há nada a ver entre uma coisa e outra?
De uma coisa eu tenho certeza: o episódio pode ter me chateado no primeiro momento, mas até que foi bem engraçado. Já ri muito contando o caso pra uma amiga que me disse que eu perco o frango, mas não perco a piada.
E nem a chance de criar um texto.