Anacronicamente
A banda está posta, os convidados sentados nos lugares marcados, uma assustadora imagem, um corpo formoso trajando um vestido branco, porém sem face. A marcha tocada em sol anuncia, passo a passo em direção ao pupto que tem ao centro um homem de preto. Todos se levantaram, anacronicamente suspiraram, pulmões cheios de veneno anunciam, a morte é a única capaz de desfazer esse ato.
De repente percebo estar no centro dos acontecimentos, é a mim que dirige a pergunta: Você aceita estar preso, sem chance de fiança, sem volta ou esperanças, até que a um dia os céus se compadeçam de ti, cortando então teu fio de prata?
É neste momento que o mundo dentro de mim entra em colapso, todos os ideais despedaçados, as verdades deixaram de existir neste fúnebre momento. Então percebo que minha boca começa a se mover, tento de todas as maneiras permanecer calado, mas me entoa em canto um sim, o homem de preto nos besunta de azeite e para encerrar ordena que num beijo selemos as algemas. É neste momento que abro os olhos e vejo uma imagem que me acalma, com um vestido Tifany, caminha em minha direção, me abre um sorriso e diz: Que bom te ver por aqui hoje...