A menina-caminho.. caminhando ainda
A menina-caminho se sentiu tolhida diante de tanta beleza maior que a sua. Observou os campos e os pensamentos pairando no ar. A menina ouvia vozes e velozes pensamentos. De quem seriam?!? E sentiu seu próprio sexto-sentido exacerbado. E sentiu-se atraída por tantas lástimas e pedidos.. chamados longínquos e não-identificados?!? E saiu em busca dos ruídos.
E lembrou que a dor de amar é dor maior que dor de machucado. E o menino-verso lhe sorriu, com um olhar tão brilhante que não houve como resistir. Mas não toque físico. As almas se [re]encontravam, enfim. Se [re]conheciam, se analisavam, avaliavam se estava cada pedaço intacto, "permesso.."
Jogou-lhe a franja ao lado.. Não mais pés de bailarina..pés de bolhas, escaldados pela andada. Não mais a mocinha vírgem e santificada. Mulher feita... mas cabeça de menina, mesmo que velhinha e castigada pelas fatigadas horas perdidas no tempo e na própria ausência de sentido desse.
E pra que sentir o tempo, o espaço, se havia tanto sentimento embolado pra ser vivido? Jogou as tranças enormes no colo-afago do distinto. E deixou-se envolver no cafuné mais profundo que lhe destroçava melodias cantadas "solamente"...
Pelos diversos planos, a geografia. A análise dos detalhes. Os olhares, os olhos. Olhos ineertes de quem não desvia nem um pedaço, por ter medo de perder um pedaço da cena. Mas a cena não dormia...crescia...
Os dedos amoleceram . A dor amorteceu a queda, as lágrimas não se evitaram mais. A dor doída de saber que as notas ecoavam dentro de duas cabeças em sintonia agora achada, mas antes perdida, será possível?!?
Sentiu-se menina...e se deixou levar pela poesia do agora.