A menina caminho
A menina caminho no caminho estava. Sem dor, sem dó, sem destinoalgum... A caminho estava. A folia de cada dia..misturada ao ócio, aos gostares antigos vislumbrados em um poema escrito antes do seu nascimento.
O sorriso do pai, sempre presente..a alegria passageira de relembrar coisa, futricar passados e imaginar um menino-poesia. Homens dessa vida. Imaginou as asas perdidas há tantas horas-dia do seu diário pó destino. Imaginou como seria transpor a geografia, volitar versos sobre as cabeças desavisadas dos apaixonados e ingênuos meninos plantados apenas nos livros dos contos de fadas. Imaginou destinos e desatinos e desalinhos não vividos de fato, mas presenciados pelo seu coração-destino. Imaginou-se velha ao lado de um velhinho tranquilo, moreno e de cabelos branquinhos, com olhar de remanso pros seus, já gastos olhos de criança nascida faz tempo.
A menina caminho andava. Cansava-se de ser bailarina-desenhada-bordada nos olhos do pai morrido... As dores da morte lhe afincavam frestas de um passado-mais-que-presente dolorido..
Figuras sobrepostas. Buscou respostas, olhou pras suas pernas imensas e suculentas. Avaliou a boca e concluiu que seus dedos desajeitados transferiam afagos mais que gostosos. O anelzinho do dedo médio direito brilhou. Lembrou das tantas alianças pré-moldadas pelos ex-namorados perdidos. Pensou que a culpa fosse dela, mas antes fosse! A culpa era do passado, que não permirtia conserto de nada! A culpa era dos meninos, todos errados frente a um cenário plantado de sonhos infundados.
Figuras sobrepostas. A sobrancelha cerrada, suculenta, enorme. A boca pré-moldada..desenhos do gosto do que viria... E veio. E o caminho, por mais tor[pe]to parecesse, era um caminho doce... A cor [de] rosa.