Silêncios e vozes
Às vezes o tédio nos leva a caminhos jamais imaginados. Como eu, na manhã de hoje. Não sei se movida pelo tédio, ou pela falta de inspiração, ou até por um impulso da adolescência. O fato é que fui parar no cemitério.
Jamais havia entrado num lugar tão silencioso e tão tumultuado ao mesmo tempo. O silêncio parecia vozes. Mas era só silêncio, e mais nada. Umas lápides mais "bonitas" que outras. Até ali havia marcas da desigualdade social.
Lá dentro me perguntava como fui parar ali. Perdi-me naquele lugar. Um labirinto fúnebre. Eu não tinha ninguém ali para dar flores ou chorar. Talvez por isso aquilo tudo não me causava tanto assombro. Mas fiquei imaginando o dia em que eu teria um motivo real para estar ali, viva ou não, seria mortal.
Mas o que me chamou atenção foi a foto acima da lápide de uma mulher chamada Elza de Souza. Como aqueles olhos se pareciam com os meus. E o sobrenome, Souza, o do meu avô, de quem herdei meus olhos. Elza de Souza...
Teria sido uma Tia? Prima distante?
Não sei.
Mas meus pensamentos me levaram a seguinte conclusão: A morte faz parte da vida.