Esperando o ônibus
Estava olhando as pessoas passarem, estranho, notei que faltava algo. Mas não faltava, não na paisagem, não nas ruas e nem nas pessoas. Estava tudo igual. A mesma pracinha, os mesmos carros, as mesmas árvores.
Passa um carro como a vida passa. Carros diferentes seguem os mesmos caminhos. Sempre os mesmos, todo o dia. E assim se torna a vida, às vezes. Como aquele caminhão, lento e retilíneo. Sem alternância, sem vigor.
Como um carro a vida passa. O Cronista os observa. E se para um carro, para a vida, para a crônica. Para um ônibus, para e passa. Como a vida, aqui e ali. Mas como buscará o cronista inspiração na mesma fútil paisagem? "Inútil Paisagem", disse Tom Jobim.
Ah, mas o cronista sempre sabe onde ela se esconde, a inspiração.
Como um carro a vida passa, deixa rastros, deixa memória, deixa carbono, deixa história.