BRASIL, PAÍS DO FUTEBOL?

Estou quase me convencendo de que o Brasil é mesmo o país do futebol.

Foram gastos milhões em estádios, sob a alegação de que sediar uma copa do mundo traria vantagens ao povo brasileiro. Que povo brasileiro? Hoje, assisti por acaso, uma reportagem sobre as instalações que abrigarão os “nossos” jogadores, com piscinas que possuem uma visão do seu interior, para que os fisioterapeutas vejam como os atletas estão trabalhando a musculatura; com salões de cabeleireiro com cadeiras especiais, luzes especiais nos banheiros para possibilitar a secagem da pele dos jogadores; uma bela área de churrasco entre outras mordomias. Alguns vão dizer que o investimento é privado. Não é totalmente verdade e não é essa a questão. A questão está naquilo que valorizamos e estabelecemos como prioridade. Esta é a questão. Qual é a prioridade? O que é importante? Num país onde prédios de órgãos públicos estão interditados pela Defesa Civil há mais de um ano, por oferecer risco de desabamento, ocasionando transtornos e até mesmo, impossibilitando o atendimento ao público e submetendo os servidores a condições desumanas de trabalho; num país, onde muitas escolas longínquas não possuem sequer água potável adequada para o consumo dos alunos e professores e o banheiro é a moita mais próxima e livros didáticos custam acima de cem reais; num país onde as pessoas morrem sem atendimento nos hospitais e segurança pública e transporte de qualidade são utopia, o que é importante? Qual investimento é prioridade? Vejo propagandas tentando nos envolver e nos vender a copa como a mais bela e mais importante aquisição dos últimos tempos. As pessoas que já viram e aquelas que nunca viram o Brasil ser campeão mundial de futebol, também nunca viram escolas públicas de qualidade, hospitais públicos de qualidade, segurança pública de qualidade, transporte público de qualidade, atendimento público eficaz e de qualidade. INFELIZMENTE constato: O BRASIL É O PAÍS DO FUTEBOL! E é só isso que teremos?

Madeleine Chaves Baltar
Enviado por Madeleine Chaves Baltar em 30/03/2014
Reeditado em 30/03/2014
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