Anatomia sentimental
É impressionante notar que há momentos em que os sentidos estão diretamente ligados com os sentimentos. Uma espécie de anatomia sentimental. Começando de baixo, de um estremecer de pernas ao ver quem gosta, logo em seguida, mais a cima as famosas “borboletas no estômago” levam o indivíduo à loucura, uma sensação indescritível. Um toque, um simples toque faz com que um arrepio tome conta do corpo todo, não há quem não resista. E vamos pular uma etapa, passamos direto aos órgãos dos sentidos.
Os olhos, geralmente nessa fase expõe vários sentimentos, saibamos interpretá-los: quanto exibe em si um brilho fora do comum, ao falar, ao ver, ao pensar na pessoa que acelera seu coração (pulamos o coração para que seja explicado outrora), e quando algo que essa pessoa faz te faz admirá-la, se emociona de felicidade, mesmo que seja um simples sorriso inocente que ela dê, é motivo suficiente para que os olhos digam em silêncio aquilo que se passa no coração.
Dos olhos ao nariz: responsável pelo olfato, sentimos através dele o cheiro do amor ou o cheiro da pessoa amada, ou ainda é ele quem nos faz sentir o perfume das mais belas e exalantes flores antes de presentear... Responsável também por ser o canal de lembrança do perfume da pessoa amada, afinal seja onde quer que possamos ir, o cheiro não sai da nossa cabeça e parece que o sentimos onde quer que possamos ir... (não falaremos dos ouvidos, cada um destaque pra si a sua importância.)
A boca guarda dois sabores: um amargo de um beijo que nunca aconteceu, e o doce mel de um toque sutil entre duas pessoas, que se eternizam mesmo que apenas por um toque. Ainda é dela que faz do tato mais vivo, seja um cortejo singelo, um beijo na mão, no rosto. Seja um afago do coração por tempos sem se ver, ou mesmo pura vontade de se ver, saudade cravada no peito. A boca também é responsável por transmitir os recados que são enviados pelo coração, mas que as vezes são distorcidos pelas mentes, tanto de quem emite, quanto de quem recebe. Deve ser muito estudada, por isso não iremos nos aprofundar.
Mas e o coração? O coração é para os sentimentos um grande banco de informações sentimentais, sejam elas de quaisquer natureza. É tão importante em armazenar informações que em determinados momentos, de manutenção por exemplo, precisamos contar com outro coração, que esteja aberto a nos acolher. Impressionante é notar que há algumas pessoas que nos são tão importantes, que não imaginamos nossa existência sem que essa pessoa esteja, ativa ou passivamente. Nesse momento notamos que nosso coração não mais bate dentro de nós, e que, mesmo não estando dentro de nós, dependemos dele para nossa sobrevivência, mesmo que o ar que circula dentro dele não nos faça tão bem assim, nem que esse coração bata forte por outro alguém, dependemos dele ali, simplesmente por fazer Tuntum... Tuntum... Tuntum... Uma existência apenas por existir.
Como na vida real, a anatomia sentimental não permite a “Eutanásia”, vegetemos então, correndo o risco de voltar, mas que no estado em que nos encontramos a vida passa sem saber, com um coração batendo...
Tuntum... Tuntum... Tuntum...