Ditadura A, ou B?
“O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga.” Prov 13; 24
Interessante associação faz o sábio aqui! Ódio com tolerância; amor com correção. Na verdade, a sociedade atual usa caminhos diversos, para não dizer, opostos. Em nome do amor, toda sorte de permissividade aos filhos; a correção seria psicologicamente danosa, instauraria rejeição na psiquê do paciente.
Não ignoramos que o amor é amoral, sem pretenso trocadilho, pois, mesmo os maus amam aos seus. Há uns dois anos, faleceu um sujeito num acidente, onde vivo, e foi chamado um padre, segundo o credo da família, para o auto fúnebre. Em dado momento o vigário disse: “Vejo lágrimas aqui, e ninguém chora por bandido…” Acontece que o finado era dos tais. Tentara matar o próprio tio a facadas, era temido pelos familiares e fizera coisas piores alhures; como o padre o não conhecia, soltou a “pérola” supra.
O que quero dizer é que há um amor incondicional, a despeito de valores, instintivo, que se expressa nessas horas. Entretanto, se o sábio receitara a correção, medicina da alma, como forma de amor, por certo, tal amor atenta a um conteúdo superior; um pai sábio que anseia um rebento da mesma estirpe. Ele disse, aliás: “Filho meu, se o teu coração for sábio, alegrar-se-á o meu coração, sim, o meu próprio.” Prov 23; 15 Mas, para que não se conclua que era egoísta a preocupação do pai, apenas sua alegria com o filho, há na sabedoria mais que deleite de genitor; livramento do portador; “A doutrina do sábio é uma fonte de vida para se desviar dos laços da morte.” Prov 13; 14
Contudo, reitero, esse modo de educar é coisa rara em nosso tempo, onde vive-se o império do direito, sem os impostos do dever. Aos filhos tudo é permitido, quando, a frouxidão moral dos pais equaciona correção com falta de amor. Aí, esses principezinhos familiares crescem avessos a todas as cercas que limitam direitos, e passam a exercer seus principados em âmbito social. Os distúrbios recentes no Brasil, incêndios e quebra quebras que toda hora assomam, bem demonstram essa “consciência social” dos novos tempos.
Desgraçadamente nos comportamos de modo pendular, de um extremo a outro; falta-nos, jeito com o proverbial “caminho do meio”. Ontem tivemos duas manifestações em São Paulo; uma pela intervenção militar para “restaurar a ordem”, outra “contra o fascismo” que seria aquela. A coisa é posta como se ao invés de múltipla escolha, tivéssemos duas: Ditadura vermelha, aos moldes venezuelanos, para onde caminha o Brasil, ou Verde, como foi no passado.
Ora, seremos uma geração tão imbecil que não consegue equacionar direitos e deveres, caminhar rumo ao progresso com um mínimo de ordem como reza nosso lema? Parece que somos, infelizmente.
Nos dias da ditadura tudo que se queria era liberdade, de escolha, de expressão… agora, não se conhece limites na liberdade de porre que embriaga aos desordeiros da vez. É uma farra de corrupção, de ONGs, de aviões da FAB, de negociatas escusas na Petrobrás, de fundo partidário a partidos inexpressivos e desconhecidos, de pleitos estranhos à maioria dos brasileiros, como liberação das drogas, aborto, homossexualização de cartilhas colegiais, etc…
A falta de moderação dos libertinos é tal, que despertou uma reação igualmente extrema dos que preferem conviver com imposições, a roubos e desmandos. Embora tais conflitos fossem facilmente previsíveis, no fim do túnel, como na Venezuela, cá estão acontecendo algumas milhas antes.
Como seria se os militares tomassem de novo o leme e instaurassem sua “Comissão da Verdade” para passar a limpo a última década? Muitos temem isso e tudo farão para seguir ocultando seus feitos, mesmo que seja necessário calar a imprensa.
Mesmo não desejando algo radical assim, não dá para ignorar que ninguém mais confia nos políticos, e, pasmem! Até mesmo no Supremo Tribunal Federal. Seria a espionagem americana uma ameaça à Petrobrás? Não. Quem está sendo lesado é o povo brasileiro; os americanos estão tendo lucro com ela; como aliás teve o Evo Morales que “ganhou” uma refinaria de presente.
Esse caldeirão de incompetência e roubalheira começa a ferver, e dias sombrios se aproximam da “Ilha de Vera Cruz”.
Faltam-nos insumos para uma sociedade decente. O vício está enraizado desde a infância, mercê de uma educação “libertária”, entenda-se, privada de valores. Com tais agentes a implosão da ordem social se torna inevitável, mais dia, menos dia. Como bem disse Jeremias: “Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13; 23
O porre da liberdade acabará nos lançando na ressaca da tirania.