Vertigo.
O protagonista do filme de Alfred Hitchcock, Um Corpo que Cai, estrelado por James Stewart (e Kim Novak,) padece de acrofobia.Eu não sofro de acrofobia na vida prática.
O medo de altura em mim se revela em empreitadas internas. Quando vivo uma situação que me põe próxima a um grande feito, sinto-me paralisada. A ansiedade toma conta de mim, num misto de euforia e pavor. Temo queimar as asas como Ícaro ao chegar perto do sol.
Parte de mim é sonho, mas não ouso realizar os maiores; contento-me com os medianos. E sonho menos hoje. Em outra época costumava dar vazão a grandes devaneios. Construía passo a passo meu roteiro de ilusão, dando as minhas falas e o meu corpo às rainhas, às fadas, às cantoras ou às grandes escritoras nascidas da minha imaginação.
Não tinham escrúpulos, meus sonhos. Nem limites.Mas eis que amadureço e a vida dá mostras de que não é moleza, não.Desde então, comecei a podá-los.E como o personagem de James Stewart em Vertigo, título original do filme citado acima, fico tonta quando me atrevo a liberar a criação na busca por um ideal de felicidade.
Evito a ansiedade que acompanha esses momentos e que me tira o sono, o sossego e – pasmem - quando grave, até o apetite.
Por isso venho vivendo em área segura. Olhando através da vidraça, como a Carolina de Chico. Não posso pensar muito, do contrário não tiro os cotovelos das janelas da vida. Se o apelo é suficientemente forte, eu me arrisco (se não der tempo de refletir).
Não ensaio. Não consigo passar a limpo um script. Sou da turma do improviso, mas não a ponto de um acidente grave. No máximo quebro a cara, fraturo coração e asas.
Sei perfeitamente o que sente aquele que é acometido da tal acrofobia, pois não tenho o céu como limite, mesmo! Não faço do topo da montanha uma meta em meu quotidiano. Voar alto me dá vertigens.
Contudo, acalento alguns sonhos, sim.E estes, guardo com o maior zelo. Apavoram-me, as possíveis ameaças aos meus tesouros. Chego, em alguns momentos, a mantê-los a salvo de mim mesma, por medo de não saber lidar com eles. Aí, mudo o rumo. Roubo as vidas de outros, quando leio com voracidade, pulando de um livro a outro, transferindo os anseios dos personagens para mim.Às vezes, tranco-me em meu mundo. Isolo-me. Mas aos pouquinhos volto a sonhar e rezo para perder o medo de voar
O protagonista do filme de Alfred Hitchcock, Um Corpo que Cai, estrelado por James Stewart (e Kim Novak,) padece de acrofobia.Eu não sofro de acrofobia na vida prática.
O medo de altura em mim se revela em empreitadas internas. Quando vivo uma situação que me põe próxima a um grande feito, sinto-me paralisada. A ansiedade toma conta de mim, num misto de euforia e pavor. Temo queimar as asas como Ícaro ao chegar perto do sol.
Parte de mim é sonho, mas não ouso realizar os maiores; contento-me com os medianos. E sonho menos hoje. Em outra época costumava dar vazão a grandes devaneios. Construía passo a passo meu roteiro de ilusão, dando as minhas falas e o meu corpo às rainhas, às fadas, às cantoras ou às grandes escritoras nascidas da minha imaginação.
Não tinham escrúpulos, meus sonhos. Nem limites.Mas eis que amadureço e a vida dá mostras de que não é moleza, não.Desde então, comecei a podá-los.E como o personagem de James Stewart em Vertigo, título original do filme citado acima, fico tonta quando me atrevo a liberar a criação na busca por um ideal de felicidade.
Evito a ansiedade que acompanha esses momentos e que me tira o sono, o sossego e – pasmem - quando grave, até o apetite.
Por isso venho vivendo em área segura. Olhando através da vidraça, como a Carolina de Chico. Não posso pensar muito, do contrário não tiro os cotovelos das janelas da vida. Se o apelo é suficientemente forte, eu me arrisco (se não der tempo de refletir).
Não ensaio. Não consigo passar a limpo um script. Sou da turma do improviso, mas não a ponto de um acidente grave. No máximo quebro a cara, fraturo coração e asas.
Sei perfeitamente o que sente aquele que é acometido da tal acrofobia, pois não tenho o céu como limite, mesmo! Não faço do topo da montanha uma meta em meu quotidiano. Voar alto me dá vertigens.
Contudo, acalento alguns sonhos, sim.E estes, guardo com o maior zelo. Apavoram-me, as possíveis ameaças aos meus tesouros. Chego, em alguns momentos, a mantê-los a salvo de mim mesma, por medo de não saber lidar com eles. Aí, mudo o rumo. Roubo as vidas de outros, quando leio com voracidade, pulando de um livro a outro, transferindo os anseios dos personagens para mim.Às vezes, tranco-me em meu mundo. Isolo-me. Mas aos pouquinhos volto a sonhar e rezo para perder o medo de voar