Sul sem Sol
A maioria dos países da Europa conta com trens, metrô, VLT, bondes modernos ou metrô de superfície, estradas bem construídas, pavimentadas e sinalizadas, etc. Ocorre o mesmo na América do Norte. Uma qualidade de vida melhor. O que não se tem no Sul. Por que será?
Aí a gente se lembra da invasão do Brasil pelos franceses, holandeses, até a conquista final pelos portugueses. Não podendo ser esquecido que os espanhóis foram contidos pelo Tratado de Tordesilhas. Mas ficaram em troca com todo o resto. Exceto as Guianas – pra variar, francesa, inglesa e holandesa.
Por isso é que só aqui falamos português. À exceção de alguns pontos da África, também conquistados pelos portugueses, com que nunca se contou pra “nada”. A não ser com a força do trabalho escravo e com as riquezas minerais de suas terras. E depois com a força e a inesgotável capacidade esportiva, artística e intelectual dos negros. Embora sempre relegados a um plano inferior.
Isso pelo menos há sessenta anos. Quando, por volta de 1954, ouvia-se Neil Sedaka, Little Richard, Fats Domino e depois Elvis Presley. E o mais velho dizia: “Como é que tu consegue escutar isso?” Claro, porque já tínhamos Ernesto Nazareth, Dilermando Reis, talvez Ademilde Fonseca e o negro Pixinguinha, muito provavelmente o verdadeiro pai da MPB. Como foram os negros os verdadeiros pais do rock e do jazz. E fomos ver depois que o Elvis tinha razão. Embora não quanto à colonização. O que não terá sido culpa dele.
Tal como hoje se recrimina o mais jovem, quando ele curte seu funk, punk, hip-hop. E até o abrasilera. Como fizeram depois com o rock. Numa demonstração de que a colonização ainda impera. Ou de que o sol não brilha no sul nem na primavera. Ainda que se tenha o fog na Inglaterra.
Rio, 10/03/2014