Crônica sem título
Não me faltam assuntos para construir uma boa crônica, me faltam ânimo, inspiração e vontade. Por quê? Não sei. A verdade é que, de tanto que vejo e ouço, parece que minha cabeça fica tão cheia de ideias e, ao mesmo tempo, completamente vazia. É um bombardeio de informações e de imagens por meio da internet e da tevê que parece que deu um curto-circuito em meus neurônios e eu não consigo escrever nada de interessante.
De política não quero falar. Estou enjoada, e enojada, com tantas notícias de escândalos, propinas, denúncias de desvios, enfim, me recuso a falar dessa raça de corruptos que não se cansa de lesar o povo e o país.
De violência também não quero. Essa chaga de nossa sociedade que, ano após ano, aumenta em casos e em crueldade. Tive pesadelos quando, há quase dois meses, vi nos telejornais a menina de São Luís sendo queimada dentro de um ônibus. É jornalista morrendo atingido por artefato explosivo, é gente sendo baleada na cabeça a sangue frio, é...Ah, já disse que não quero falar. Isso me dá angústia e uma sensação de impotência enorme.
E sobre as crises que rolam pelo mundo afora: na Venezuela, na Ucrânia, na Síria (ainda, Meu Deus!)? Não. Também não. Esse assunto também é muito complexo, além de ser extremamente desagradável. Já bastam os conflitos aqui na própria terrinha, e o que não é muito diferente do que acontece lá fora: confrontos que geram muita violência tanto por parte dos governos como da população, onde nenhum dos lados ganha. Em qualquer conflito, todos sempre perdem alguma coisa.
De Big Brother também não quero. Ridículo. Como um programa desses ainda dá picos de audiência? É o fim da picada aquela gente ser chamada de “nossos heróis” pelo apresentador. Os verdadeiros heróis não estão confinados numa casa luxuosa, climatizada, com piscina, academia de ginástica e tudo mais em conforto. Os verdadeiros heróis estão presos no trânsito, dentro de ônibus e trens lotados, nas filas de hospitais esperando por atendimento que nem sempre conseguem. Estão nas ruas, trabalhando debaixo de sol escaldante, ou debaixo de chuva, ou ainda, enfrentando as inundações, já que nosso país é cheio de contrastes também em relação ao clima: muita seca de um lado, muita chuva de outro. Então tá, nada de Big Brother e nada de catástrofes produzidas pela natureza.
Poderia falar sobre a novela que acabou – Amor à vida –, ou sobre a que começou – Em família. Bem, eu até que gostei do final de Amor à vida. Achei bonita a cena em que pai e filho se “reencontraram”, se redescobriram no amor, depois de passarem a maior parte da trama trocando insultos, mágoas, desrespeito, enfim. Acho que deixou uma lição importante: é preciso saber amar, dar e receber carinho, respeitar e ser respeitado, ter compaixão, principalmente por aqueles que são de nossa família. E, falando nisso, Em família vem trazendo mais dramas entre pessoas com os mesmos laços de sangue. É prematuro fazer qualquer julgamento sobre a novela, afinal ela começou há menos de um mês. Mas, acredito que não haverá muitas surpresas, em se tratando de uma trama de Manoel Carlos. A gente conhece bem o seu estilo. Eu, particularmente, gosto do autor. Acho seus enredos mais “leves”, sem grandes vilões, sem grandes mistérios, sem grandes revelações. Acho que suas histórias são muito mais próximas da realidade do que outras, principalmente quando se trata de relações familiares. Um pouquinho de glamour faz parte, mas nada que chegue a agredir o bom senso.
Gente, eu que nem ia falar sobre novelas, acabei esticando o assunto. Ah, mas é bem mais leve do que falar daqueles outros temas que mencionei acima.
Também não quero falar de morte, porque isso me deprime. Só nestes primeiros dois meses do ano já morreram tantas pessoas conhecidas, e algumas muito amigas, que só de lembrar já me dá um nó na garganta. Eu sei que todos nós temos que morrer um dia e que as pessoas que a gente ama também, mas não gosto de pensar sobre isso, muito menos de estar falando a respeito. Deixemos então a morte fora da conversa.
De grana também não dá pra falar, até porque, quem está cheia de dívidas não tem moral pra falar de economia. É verdade, fiz tanta bagunça no meu orçamento que vou demorar meses pra me recuperar. Mas não adianta entrar em desespero, é assumir o erro e tentar consertá-lo. Por isso me vi obrigada a tomar uma decisão radical: consumismo zero em 2014. Só gastar estritamente o necessário e nada de levar o cartão de crédito pra passear: ele está de castigo (ou será que sou eu quem está?). Mas vamos mudar essa prosa também, porque senão vou me lembrar de um vestido lindo que vi ontem numa vitrine. Pronto, lembrei. Agora vou sonhar com ele.
Está vendo como é difícil? Os assuntos são muitos, mas não consigo ir adiante com nenhum.
Talvez eu pudesse falar do clima global, das altas temperaturas aqui, abaixo do Equador, ou do excesso de neve devido ao inverno mais rigoroso das últimas décadas no Japão, EUA, Canadá. Ah, mas acho que não. Não estou a fim de papo ecológico, definitivamente.
Poderia contar que outro dia chorei à beça porque queria muito ir ao show do Elton John, no Rio de Janeiro, e não tinha dinheiro. É verdade, chorei, sim. Ou só as crianças podem chorar quando querem alguma coisa e os pais não podem dar? O Elton John é meu ídolo desde a adolescência, tenho vários álbuns dele, sei quase todas as músicas, enfim, sou fã mesmo, fiel, há mais de quarenta anos. Aí, quando ele vem se apresentar aqui, tão pertinho de mim, não posso ir? Não é justo. Passei o dia ouvindo suas músicas e chorando. Ridículo? Sim, um mico. Ainda bem que não tinha ninguém em casa pra assistir. Mas, é melhor não falar mais disso também, senão começo a chorar de novo.
Então, não tem jeito. É melhor encerrar o texto, já que não consigo discorrer sobre nenhum tema específico. Talvez em outro momento as ideias venham mais claras, com mais fluidez e naturalidade. É só ter paciência que uma hora a coisa acontece.
E que, de preferência, eu esteja de bom humor, pra escrever com descontração e divirta os meus queridos leitores.
Não me faltam assuntos para construir uma boa crônica, me faltam ânimo, inspiração e vontade. Por quê? Não sei. A verdade é que, de tanto que vejo e ouço, parece que minha cabeça fica tão cheia de ideias e, ao mesmo tempo, completamente vazia. É um bombardeio de informações e de imagens por meio da internet e da tevê que parece que deu um curto-circuito em meus neurônios e eu não consigo escrever nada de interessante.
De política não quero falar. Estou enjoada, e enojada, com tantas notícias de escândalos, propinas, denúncias de desvios, enfim, me recuso a falar dessa raça de corruptos que não se cansa de lesar o povo e o país.
De violência também não quero. Essa chaga de nossa sociedade que, ano após ano, aumenta em casos e em crueldade. Tive pesadelos quando, há quase dois meses, vi nos telejornais a menina de São Luís sendo queimada dentro de um ônibus. É jornalista morrendo atingido por artefato explosivo, é gente sendo baleada na cabeça a sangue frio, é...Ah, já disse que não quero falar. Isso me dá angústia e uma sensação de impotência enorme.
E sobre as crises que rolam pelo mundo afora: na Venezuela, na Ucrânia, na Síria (ainda, Meu Deus!)? Não. Também não. Esse assunto também é muito complexo, além de ser extremamente desagradável. Já bastam os conflitos aqui na própria terrinha, e o que não é muito diferente do que acontece lá fora: confrontos que geram muita violência tanto por parte dos governos como da população, onde nenhum dos lados ganha. Em qualquer conflito, todos sempre perdem alguma coisa.
De Big Brother também não quero. Ridículo. Como um programa desses ainda dá picos de audiência? É o fim da picada aquela gente ser chamada de “nossos heróis” pelo apresentador. Os verdadeiros heróis não estão confinados numa casa luxuosa, climatizada, com piscina, academia de ginástica e tudo mais em conforto. Os verdadeiros heróis estão presos no trânsito, dentro de ônibus e trens lotados, nas filas de hospitais esperando por atendimento que nem sempre conseguem. Estão nas ruas, trabalhando debaixo de sol escaldante, ou debaixo de chuva, ou ainda, enfrentando as inundações, já que nosso país é cheio de contrastes também em relação ao clima: muita seca de um lado, muita chuva de outro. Então tá, nada de Big Brother e nada de catástrofes produzidas pela natureza.
Poderia falar sobre a novela que acabou – Amor à vida –, ou sobre a que começou – Em família. Bem, eu até que gostei do final de Amor à vida. Achei bonita a cena em que pai e filho se “reencontraram”, se redescobriram no amor, depois de passarem a maior parte da trama trocando insultos, mágoas, desrespeito, enfim. Acho que deixou uma lição importante: é preciso saber amar, dar e receber carinho, respeitar e ser respeitado, ter compaixão, principalmente por aqueles que são de nossa família. E, falando nisso, Em família vem trazendo mais dramas entre pessoas com os mesmos laços de sangue. É prematuro fazer qualquer julgamento sobre a novela, afinal ela começou há menos de um mês. Mas, acredito que não haverá muitas surpresas, em se tratando de uma trama de Manoel Carlos. A gente conhece bem o seu estilo. Eu, particularmente, gosto do autor. Acho seus enredos mais “leves”, sem grandes vilões, sem grandes mistérios, sem grandes revelações. Acho que suas histórias são muito mais próximas da realidade do que outras, principalmente quando se trata de relações familiares. Um pouquinho de glamour faz parte, mas nada que chegue a agredir o bom senso.
Gente, eu que nem ia falar sobre novelas, acabei esticando o assunto. Ah, mas é bem mais leve do que falar daqueles outros temas que mencionei acima.
Também não quero falar de morte, porque isso me deprime. Só nestes primeiros dois meses do ano já morreram tantas pessoas conhecidas, e algumas muito amigas, que só de lembrar já me dá um nó na garganta. Eu sei que todos nós temos que morrer um dia e que as pessoas que a gente ama também, mas não gosto de pensar sobre isso, muito menos de estar falando a respeito. Deixemos então a morte fora da conversa.
De grana também não dá pra falar, até porque, quem está cheia de dívidas não tem moral pra falar de economia. É verdade, fiz tanta bagunça no meu orçamento que vou demorar meses pra me recuperar. Mas não adianta entrar em desespero, é assumir o erro e tentar consertá-lo. Por isso me vi obrigada a tomar uma decisão radical: consumismo zero em 2014. Só gastar estritamente o necessário e nada de levar o cartão de crédito pra passear: ele está de castigo (ou será que sou eu quem está?). Mas vamos mudar essa prosa também, porque senão vou me lembrar de um vestido lindo que vi ontem numa vitrine. Pronto, lembrei. Agora vou sonhar com ele.
Está vendo como é difícil? Os assuntos são muitos, mas não consigo ir adiante com nenhum.
Talvez eu pudesse falar do clima global, das altas temperaturas aqui, abaixo do Equador, ou do excesso de neve devido ao inverno mais rigoroso das últimas décadas no Japão, EUA, Canadá. Ah, mas acho que não. Não estou a fim de papo ecológico, definitivamente.
Poderia contar que outro dia chorei à beça porque queria muito ir ao show do Elton John, no Rio de Janeiro, e não tinha dinheiro. É verdade, chorei, sim. Ou só as crianças podem chorar quando querem alguma coisa e os pais não podem dar? O Elton John é meu ídolo desde a adolescência, tenho vários álbuns dele, sei quase todas as músicas, enfim, sou fã mesmo, fiel, há mais de quarenta anos. Aí, quando ele vem se apresentar aqui, tão pertinho de mim, não posso ir? Não é justo. Passei o dia ouvindo suas músicas e chorando. Ridículo? Sim, um mico. Ainda bem que não tinha ninguém em casa pra assistir. Mas, é melhor não falar mais disso também, senão começo a chorar de novo.
Então, não tem jeito. É melhor encerrar o texto, já que não consigo discorrer sobre nenhum tema específico. Talvez em outro momento as ideias venham mais claras, com mais fluidez e naturalidade. É só ter paciência que uma hora a coisa acontece.
E que, de preferência, eu esteja de bom humor, pra escrever com descontração e divirta os meus queridos leitores.