TRINCANDO PAIXÕES.
O tempo faz tudo nublar à nossa volta. Cheiros, os gostos, o tato, tudo que vier de dentro dele se esfumaça, vira farelo, se torna refugo. Tempo é cruel quando se diz amigo, é larva quando se diz santo, é limpo quando se diz unguento. Tempo faz pouco caso da casca das nossas feridas, vira as costas para Deus quando bem quer e, por certo, arrematará aquele desejo que entalamos pra não teimar em colocar pra fora. Tempo é mínguo nos versos, é ralo nas fronhas ainda não untadas, é voyeur no gozo que teimamos em ter. Tempo é passional no tremular de suas ancas de gazela doida, é cachoeira nas vértebras trincadas das nossas tantas paixões.
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