Sonhos, versos e poesias

Lembro bem do meu primeiro verso, olhando para aquela garota de cabelos longos e cacheados, e olhos negros de jabuticaba (lembrando a Capitu de Machado), e interpretei meus autores favoritos, escrevendo em linhas tortas e analfabetas em um pequeno gesto de ternura.

Dali, então, não mais parei de me ver em prosas e em literatura. Não mais parei de pensar naquela donzela, mulher de meus sonhos e poemas, de versos e pensamentos. Passei a me ver nas linhas versadas da vida, e em tudo fiz poesias, rimei as rosas e os espinhos, transformei o tempo em meu livro de composições.

Consegui encontrar em alguns segundos dos meus dias inspirações para escrever. Comecei a entender o sentido das pedras e dos espigões, e me vi a vontade para contemplar as rosas que encontrava pela estrada. Que estrada árdua e longa.

Estou caminhando, por vezes vagamente, lentamente, por vezes rápido demais. Tão rápido que não penso nas consequências e me deixo levar por absurdos cometidos por minhas limitações. Ainda estou caminhando em direção ao amanhã e enxergo a eternidade em cima do pico, o mais alto lugar da vida. Lá que eu quero chegar.

Abri um livro de poesias, que belo livro de poesias. Lá eu me esbaldei; me encontrei,e tomei um novo rumo. Foi naquele tempo o meu primeiro livro de poesias, que continha entre outras palavras, algumas frases sobre a sinceridade do amor, e dizia em entrelinhas a divindade que se espera de quem vive para amar ao próximo.

Escrevi, então, num papel de guardanapo a minha primeira impressão sobre o amor. Que tanta dor ele causa, pois, porque tanto sufoca o amor? Amar é para os nobres, pobres são aqueles que não têm prazer de amar nem olhos de jabuticaba. Esqueci por segundos de adorar a mim, e pensei em tantas pessoas... Tanta família... E que segundos intermináveis.

Os meus pensamentos se transformaram em prosas. Prosas de amizade, entre alma e coração. Foi essa a intenção divina de Deus, descobri. Ele me enviou para amar e seguir o teu mandamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que este”.

Continuarei caminhando, contemplando em dias chuvosos e de sol o pico mais alto da montanha da vida. Lá estão os sonhos, a realização, é lá que eu vou chegar. E depois, quando eu já estiver extenuado de tanto me entregar aos meus objetivos, vou traçar outros planos e caçar outros picos. Amarei ao próximo em todos os meus segundos e chegarei aonde meus passos quiserem me levar.

Kallil Dib

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Kallil Dib
Enviado por Kallil Dib em 07/02/2014
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