Solidão
Acho que a melhor forma de definir solidão é a ausência da sensação de companhia. Não que eu tenha lido isto em algum lugar, mas é assim que me sinto, e muitas vezes exprimido por milhares de pessoas. Mas se tirassem uma fotografia de cima, de forma que captassem espectros de sensações no ambiente do maior show de todos os tempos, e eu no meio da galera, esta foto mostraria uma vastidão desértica e um homem só, solidão é isso!
Entretanto, muitas pessoas definem solidão como algo ruim, algo a ser evitado. Porém solidão é necessária, na medida certa, assim como o ócio, faz-se necessário um tempo de reclusão dentro de si mesmo, sentir-se só e vazio de outros nos faz conhecermos a nós mesmo. Quando somo obrigados a nos enfrentarmos, descobrimos nosso defeitos e falhas, mas também nossas virtudes, e o mais importante de tudo, conhecemos a medida certa de uma coisa e de outra. Como disse Lispector - Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro- . Por que não basta saber que somos maus nisso ou bons na quilo, mas o mais importante é saber o quanto somos bons e maus. Isso é maturidade!
Agora um paradoxo, solidão pode ser compartilhada. Isso mesmo! Mas como? você me perguntaria. Resposta: solidão não é sentir falta de gente, solidão é sentir falta de alguém, é por isso que nos sentimos sozinhos em meio as multidões, é por isso que solidão só existe se existir um certo nível de amor em nós, é por isso que é tão difícil ficarmos sozinhos com nós mesmos sem nos sentirmos tristes. Então encontrei aqui uma forma de compartilhar solidão, compartilhar tudo que a solidão nos faz sentir e nos traz a mente. Compartilhar solidão é a melhor maneira de pôr pra fora o veneno da alma e deixar que ele se torne o antídoto, pois é do veneno também que se tira o antídoto. Isso é fuga de nós mesmos, para dentro de nós mesmos!
Então aceite um conselho de alguém que por muito tempo olhou os olhos da solidão. Viva a solidão, assim como se vive o amor, assim como se vive a alegria. Por mais que seja doído, e fatigante... viva a sua solidão, por mais que seja um sentimento cinza, talvez assim diria a morte de Markus Zusak. E é sempre bom, em certos momentos, vermos as coisas em tons de cinza.