OPINIÃO
E quando chegarmos à conclusão de que o aquecimento global fruta-se do invencível sistema de explosões que escapam do sol? E se percebermos de vez que as geleiras cobrirão sem parcimônia as particularidades do hemisfério norte? E se houver de fato amor à primeira vista? E se as mulheres comandarem a política mundial? E se as armas pudessem boicotar o estopim? E se o futebol será jogado com as mãos – e com os bolsos: que nome terá?
Percebemos que somos o que temos quando ser pode ser alguma coisa: a primeira forma de provocar os espaços e abri-los às mãos de seda-com-espinhos: é a opinião. Quem não tem? Todo dia a certeza sacrifica a verdade, e, em decorrência da oposição, o verbo mata mais que a inanição.
Há opinião sobre os raios das chuvas, há opinião de quando o tempo era diferente, há opinião acerca de automóveis, comportamentos, necessidades, riqueza, fé, gestos, cores, versos, metafísica inatingível. Até dela se faz opinião.
Caso a opinião seja às claras, o interlocutor é um. Forja-se então esconderijo, o opinador se transforma. Falam da inexorável concorrência nativa: somos animais! Esquecem das naturais condições: leão compete com zebra, cobra com sapo, pardal com insetos. Humano com humano é questão de opinião. E de má fé.
Vê que não há dizer sobre o opinar sem que seja já uma opinião? Vê também que o óbvio mostra ser a opinião somente uma opinião?
Sabe que a sua verdade se infla diante esta verdade que nesse momento você vê. Sabe você que saber ler lhe dá condição de ver o que, então, vê! Falamos nisso a mesma língua. E o que achamos disso tudo? É estranho quando a opinião fica embargada...
Quase sempre quem opina coloca a vez da sua visão. E cega ver-se em pontos de vista que não lhe sejam fatos vistos. Vemos o que queremos ver. Sabia você que o calor – global – deve ser um fenômeno cíclico e não antrópico? O resto é mera opinião.